Objetivo do bolsonarista da bomba no STF era desencadear mais ataques, diz laudo da PF

Terrorista suicida explodiu bombas nas imediações do STF no dia 13 de novembro. Foto: Reprodução
Laudo da PF revela detalhes da morte do homem que jogou bomba no STF. Ele pretendia, ainda segundo a perícia, provocar o caos com ação terrorista

A perícia da PF (Polícia Federal) apontou que Francisco Wanderley Luiz, o chamado “homem-bomba”, que lançou artefatos em direção ao STF (Supremo Tribunal Federal) e depois se explodiu, buscava provocar “efeito dominó”, com a morte e desencadear “série de eventos futuros”.

Essa conclusão consta do laudo necroscópico, de 66 páginas, produzido pelo INC (Instituto Nacional de Criminalística) da Polícia Federal, evidenciando o nível de insanidade, terror e ódio que consome os apoiadores mais radicalizados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os peritos destacaram a camisa que ele vestia por baixo do terno verde com referência ao personagem Coringa — a vestimenta mostra homem empurrando fila de peças de dominó. Segundo a perícia, a “vítima se enxergava” como alguém “cujo papel seria servir como gatilho e, através da própria morte, deflagrar uma reação em cadeia”.

Os peritos avaliam que a simbologia da camisa, com “efeito dominó”, era ainda mais “literal e evidente”, do que o terno inspirado no Coringa, vilão dos filmes do Batman.

“SÉRIE DE EVENTOS FUTUROS”

“Ou seja, podemos interpretar na escolha dessa camisa a intenção de passar uma mensagem, a de que a vítima não considerava a própria morte como um ato isolado, mas sim dentro de um contexto e conectada a uma série de eventos futuros. Mais precisamente, desencadeando essa série de eventos”, consta no texto da PF.

Os peritos concluíram que o homem se matou por “traumatismo cranioencefálico” provocado por explosão. Segundo a reconstituição, ele segurou a bomba caseira contra a cabeça. “O artefato estava em contato com a pele, provavelmente sendo pressionado contra ela”, afirma o laudo.

Além dos exames de tomografia e a reconstrução 3D do crânio, os técnicos também examinaram o corpo de Wanderley em busca de algum indício de tiro, o que não foi detectado. Bolsonaristas disseminaram nas redes sociais o boato de que ele poderia ter sido alvejado.

“Além disso, mesmo sendo a ação explosiva suficiente para explicar todas as lesões da cabeça, foi feita exaustiva investigação dessa região no sentido de excluir a ação concomitante de um disparo de arma de fogo”, está escrito no documento da PF.

SUBSTÂNCIA PSICOATIVA

Após o exame necroscópico, a perícia deve elaborar o laudo sobre os locais do crime — foram recolhidos material na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no estacionamento do Anexo 4 da Câmara e na casa alugada por Wanderley em Ceilândia.

Amostras de sangue e urina estão sendo analisadas pela PCDF (Polícia Civil do Distrito Federal) para constatar se o homem estava sob influência de alguma substância psicoativa.

BOMBAS

O ataque ao STF ocorreu em 13 de novembro. Duas bombas foram lançadas contra a Corte. A primeira não explodiu. A segunda detonou e espalhou fragmentos de porcas de metal expelidos por dispositivo de pólvora em tubo de PVC.

Houve ainda o terceiro artefato, que foi aceso e o homem se deitou sobre a bomba, morrendo com a explosão. Imagens mostram o chapéu usado pelo homem no chão, ao lado do corpo.

Esse episódio não é isolado e tampouco está separado dos eventos que se sucederam antes, durante e depois das eleições de 2022, vencidas por Lula (PT).

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