A Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (27), a autorização para que o governo federal crie a Alada, empresa estatal para atuar na área aeroespacial, sendo uma subsidiária da NAV Brasil.
O projeto, enviado pelo governo Lula, foi aprovado com 364 votos favoráveis e 47 contrários. O texto diz que a Alada deverá atuar na exploração de “infraestrutura e navegação aeroespaciais e as atividades relacionadas ao desenvolvimento de projetos e equipamentos aeroespacial”.
A Aeronáutica publicou um texto destacando que a estatal será “um importante catalisador do Programa Espacial Brasileiro (PEB)” e “promete impulsionar o desenvolvimento tecnológico, a autonomia estratégica e a competitividade do Brasil no mercado aeroespacial global”.
“A Alada representa uma visão estratégica para o desenvolvimento do Brasil como uma potência aeroespacial e poderá proporcionar a autossuficiência do país em materiais aeronáuticos e espaciais, reduzindo a dependência de fornecedores estrangeiros, especialmente em tecnologias sensíveis que sofrem restrições para a exportação”, continuou.
“Com a criação da empresa, não apenas haverá avanço industrial, mas também será possível posicionar o país na vanguarda de um setor estratégico para o futuro, integrando ciência, tecnologia e soberania econômica”, acrescentou a Força.
O líder do PCdoB, Márcio Jerry, escreveu em suas redes sociais que a criação da Alada representa um “avanço muito importante para viabilização do Centro de Lançamento de Alcântara e alavanca para a nossa política aeroespacial do Brasil”.
Ele foi um dos autores de um requerimento para que, na própria quarta-feira (27), fosse realizada na Câmara uma audiência pública sobre o tema.
Carlos Zarattini (PT-SP), outro autor do requerimento, apontou que a estatal “permitirá que o Brasil dê um salto em sua política espacial, incentivando todo tipo de atividade tecnológica no Brasil. A Alada fará com que avancemos ainda mais em nossos projetos espaciais”.
DEBATEDORES
O brigadeiro Rodrigo Alvim de Oliveira, representando o Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), afirmou que a Alada “terá como principal atribuição a capacidade de atrair recursos privados para serem investidos no Brasil, complementando o orçamento público”.
“Os recursos arrecadados serão reinvestidos no Programa Espacial brasileiro, trazendo benefícios para a área espacial, como ciência e tecnologia, além de gerar impactos socioeconômicos positivos para a nossa população”, disse.
O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Chamon, ressaltou que “é absolutamente necessário dar flexibilidade ao uso das infraestruturas espaciais que já possuímos. O PEB é, sob muitos aspectos, bem-sucedido. Temos foguetes, satélites e bases de lançamento. Agora, com a empresa Alada, o PEB passará a ter sucesso também na exploração comercial”.
O assessor da Diretoria de Inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Ronaldo Gomes Carmona, avalia que o Brasil precisa “aumentar a capacidade de mobilização de recursos públicos e privados voltados a questões críticas do programa especial”.
Ele indicou como pontos de “maior vulnerabilidade” do Brasil a dependência do sinal de GPS estrangeiro, “que, em situações críticas, pode ser denegado”, a dependência de satélites meteorológicos estrangeiros e a necessidade de compra de imagens de satélite estrangeiros para monitoramento do território nacional.