Documento detalha a “Operação Luneta” com mais de duzentas linhas, que aborda fatores estratégicos de planejamento da ruptura democrática, como político, militar, econômico e de produção
A Polícia Federal encontrou em um pen drive apreendido com um “kid preto” do Exército, mais um documento detalhando os planos golpistas de Jair Bolsonaro. No dispositivo o plano aparece como “Operação Luneta”.
Ele foi encontrado com o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, um dos indiciados pela PF no inquérito do golpe. O arquivo é uma planilha com mais de duzentas linhas, que aborda fatores estratégicos de planejamento da ruptura democrática, como político, militar, econômico e de produção.
O plano previa realização de novas eleições e prisão de supostos “envolvidos em indícios de irregularidade no processo eleitoral”. Entre os objetivos detalhados no plano, também estão a “exploração global de narrativas de fraude eleitoral” e “convocação das Forças Armadas para garantir a execução das medidas”. Para a PF, plano usava “falsa narrativa de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação” como justificativa para romper a ordem democrática.
O pretexto dos criminosos era ‘restabelecer a lei e a ordem por meio da retomada da legalidade e da segurança jurídica e da estabilidade institucional’. Os golpistas fabricaram supostas ameaças à democracia para justificar seus planos de derrubar a democracia.
Segundo a PF, os golpistas inventaram uma narrativa de que haveria uma suposta tentativa de “controlar os 3 poderes do país e impor condições favoráveis para apropriação da máquina pública em favor de ideologias de esquerda ou projetos escusos de poder’.
Ok plano também fala em prisão “preventiva dos juízes supremos considerados geradores de instabilidade”. De acordo com o relatório final da PF, essa ação só seria possível em caso de ruptura institucional, o que significaria prisão de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), na visão da Polícia Federal. Eles planejaram medidas para “neutralizar capacidade de atuação do STF”. O plano dava “atenção específica para a neutralização da capacidade de atuação” do ministro Alexandre de Moraes.
No pen drive foi encontrado também um documento com o título “Operação Pacificação Nacional”. A planilha define sete linhas de operação e cinco fases de atuação entre dezembro de 2021 e agosto de 2023. As fases são denominadas como “modelando o ambiente”, “restabelecimento da legalidade”, “manutenção da lei e da ordem”, “normalização” e “reversão”.
A PF concluiu trata-se de um planejamento estratégico que tinha como objetivo final um golpe de Estado, visando anular o pleito presidencial de 2022, com fundamento na falsa narrativa disseminada pela organização criminosa de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação, com o objetivo de manter Jair Bolsonaro no poder.