A produção industrial do maior e mais desenvolvido parque fabril do Brasil voltou a cair em agosto. Segundo os dados regionais da pesquisa mensal da indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de produção da indústria paulista recuou, de julho para agosto, 0,9%.
Além do tombo mensal, o resultado revelou que a indústria de São Paulo, que responde por 34% da produção nacional, operava em agosto 18,5% abaixo do pico da série histórica, registrado em março de 2011.
Com esse peso sobre a produção, não é a toa que o resultado de São Paulo tenha tido impacto sobre outras indústrias regionais: registraram quedas significativas também Rio de Janeiro (-0,3%), Santa Catarina (-0,7%), Espírito Santo (-0,9%), Pará (-1,1%) e Amazonas (-5,3%) – todos acima da média nacional, de queda de 0,3% sobre o mês anterior.
Assim como o total do Brasil, São Paulo também ficou no vermelho pelo segundo mês seguido na comparação com ajuste sazonal, com queda de -1,2% em julho ante junho. Seu nível de produção em agosto estava 3% abaixo daquele do de dezembro de 2017, isto é, três vezes pior que o total Brasil.
“Não restam dúvidas de que, com ou sem greve dos caminhoneiros, o percurso que o setor industrial vem trilhando em 2018 não o levará muito longe. O esperado ganho de vitalidade na primeira metade do ano não veio e, agora, as incertezas derivadas da esfera política se associam à morosidade do restante da economia impondo dificuldades adicionais à indústria”, avalia o Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Sendo assim: “Não cabe creditar este pífio resultado a efeitos reminiscentes da paralisação, dado que já se passaram três meses do forte distúrbio da produção ocorrido em maio e mais do que compensado em junho. O que temos é um retorno ao padrão insatisfatório de desempenho que tem caracterizado 2018 desde seu início. A indústria não consegue ir adiante”.
Atividade econômica
Com a atividade industrial parada, a consequência óbvia é que a economia continua patinando na lama. No segundo trimestre do ano, a indústria registrou queda de 0,6%, contribuindo para que o Produto Interno Bruto (PIB) alcançasse crescimento de apenas 0,2% sobre os três meses anteriores. Ambos índices contribuíram para que o “mercado” tivesse uma percepção mais clara da realidade: a projeção do boletim Focus, do Banco Central, já aposta em um resultado do PIB abaixo de 1% – muito menos da metade do que era esperado no começo do ano.
Enquanto isso, o país amarga na situação de 12,7 milhões de desempregados e 27,5 milhões de subempregados – sem contar o arrocho aos salários e o congelamento dos investimentos.
E na efervescência das eleições, há quem pregue “mudança” dizendo que cortará o salário mínimo e dizendo que os brasileiros deverão escolher entre o emprego e seus direitos.
PRISCILA CASALE