O ex-ministro da Defesa e ex-vice de Jair Bolsonaro na chapa da eleição de 2022, Walter Braga Netto, foi preso nesta manhã, sábado (14), pela Polícia Federal. A polícia fez buscas na casa dele.
Ele foi preso no Rio de Janeiro, em Copacabana, e entregue ao Comando Militar do Leste onde ficará sob custódia do Exército.
O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, concordou com a prisão de Braga Netto. A manifestação da PGR foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) após determinação do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a ação realizada neste sábado (14).
Leia a decisão de Moraes aqui
Braga Netto, Jair Bolsonaro e mais 35 foram indiciados no dia 21 de novembro pela PF no inquérito que investiga uma trama de golpe de Estado.
O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) apontando crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
O indiciamento foi precedido de informações coletadas pela PF de que os golpistas pretendiam envenenar o presidente Lula e o vice, Geraldo Alckmin, e sequestrar e matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os investigadores descobriram que agentes foram acionados para realizar os planos criminosos em dezembro de 2022. A ação era de conhecimento de Jair Bolsonaro e do general Braga Netto, não se concretizando por problemas operacionais.
A PF apontou que o plano de assassinato foi realizado na casa de Braga Netto e aprovado por ele. O plano foi denominado “Punhal Verde Amarelo”.
Segundo a PF, a reunião ocorreu dia 12 de novembro — um mês antes da “Copa 2022”. No encontro, o “planejamento operacional para a atuação dos chamados ‘kids pretos’ foi apresentado e aprovado”. A reunião contou com a participação do tenente-coronel Mauro Cesar Cid, o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Ferreira Lima.
De acordo com o relatório da PF, o plano foi elaborado pelo general Mario Fernandes, um dos quatro militares presos na operação Contragolpe, realizada no mês passado.
As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário.
As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:
a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.
OBSTRUÇÃO
A PF pediu a prisão preventiva de Braga Netto, argumentando que a liberdade do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro representa um risco à ordem pública devido à possibilidade de voltar a cometer ações ilícitas. Além de tentar obstruir as investigações.
Segundo a coluna de Andréia Sadi, do g1, os investigadores apontam que:
1) Braga Netto teve participação relevante nos atos criminosos.
2) Coordenou ações ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais (“kids pretos”)
3) Entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar as operações
4) Tentou obter dados sigilosos do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
5) Tentou controlar as informações fornecidas e alinhar versões entre os investigados
6) Teve ação efetiva na coordenação das ações clandestinas para tentar prender e executar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes
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