O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, afirmou que a entidade, em sua reunião da Direção Nacional, aprovou ampla mobilização em defesa de um “programa de reconstrução nacional, contra os retrocessos e por nenhum direito a menos”.
“A análise feita pela direção da CTB compreende que interesses prevalecentes no mercado financeiro conspiram diuturnamente contra o desenvolvimento nacional, manipulando ou influenciando principalmente dois instrumentos da macroeconomia: a política fiscal e a política monetária”, declarou.
De acordo com Adilson, “com a cumplicidade da mídia burguesa em geral, os arautos do ‘mercado’ criaram um clima de terrorismo econômico, temperado pela especulação cambial, alardeando a iminência de uma crise fiscal e pregando a necessidade de um duro ajuste para equilibrar as contas públicas, com cortes nos investimentos públicos, redução de direitos e sacrifício de políticas sociais”.
“O governo Lula equivocadamente cedeu parcialmente às pressões do ‘Deus mercado’ – o mesmo que não sabe o custo do feijão no supermercado – enviando ao parlamento um pacote de ajuste fiscal”. “O pacote limita o índice de valorização do salário mínimo, reduz o universo dos beneficiários do abono salarial, aos que recebem até 1,5 salário mínimo, e também do Benefício de Prestação Continuada. Isto configura um retrocesso”.
“A CTB é contra e vai empreender uma agenda para o 1º semestre de 2025 e intensificar a luta para não rebaixar a política de valorização do salário mínimo, BPC e abono salarial, e preservar as conquistas, os benefícios e os direitos sociais”.
A central, por unanimidade, também criticou a decisão do Banco Central de aumentar a taxa Selic em um ponto percentual no último Copom, ressaltando que “prejudica a continuidade do crescimento econômico, o investimento produtivo e a geração de emprego e renda no país”.
“Fica evidente que não é mais o controle da inflação que o BC está perseguido. Está acatando as exigências de remuneração do mercado financeiro impostas ao governo”, afirma Adilson, lembrando que “o Banco Central divulgou na sexta-feira (13) os resultados do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) referentes ao mês de outubro, evidenciando um crescimento de 3,7% na atividade econômica brasileira nos primeiros dez meses de 2024. Na comparação anual, o índice acumula alta de 3,4% em relação a outubro de 2023”.
“Os gargalos estruturais que o país enfrenta devem ser orientados por uma agenda positiva, entre elas incentivar as iniciativas da luta ‘Produção X Rentismo’, que prevê um pacto entre produção e trabalho por uma política nacional de desenvolvimento, redução dos juros, reindustrialização e aumento dos investimentos públicos”.
“O governo sugere a isenção do Imposto de Renda para os assalariados que recebem até R$ 5 mil reais e, para compensar a queda consequente de receita, o aumento da tributação de quem ganha mais de R$ 50 mil. Essa é uma medida que conta com o apoio da CTB e deve ser importante instrumento de mobilização.”
Adilson avalia também que “os riscos de instalação de um regime abertamente fascista no Brasil ainda persistem, razão pela qual devemos trabalhar pela consolidação de uma frente ampla em defesa da democracia, de forma a isolar, derrotar e abater a extrema direita”.