Paramilitares prenderam nesta terça-feira o jovem Gennsy Mairena, de 25 anos, quando saía do emprego em uma empresa de telefonia em Matagalpa. Conforme descreveram seus colegas, ninguém pôde impedir a ação daqueles que, sem ordem de captura e com muita violência, o levaram em uma camionete particular.
Segundo a ativista Francella Zelaya, Mairena participou da última manifestação de protesto convocada pelo Movimento 19 de Abril na cidade, condenando os assassinatos e prisões arbitrárias realizadas pelo governo de Daniel Ortega e sua vice (e esposa) Rosario Murillo.
“Os homens que prenderam Gennsy Mairena dirigiam uma camioneta vermelha e as pessoas que se encontravam no local tentaram detê-los, mas foram ameaçadas de que estavam obstruindo a justiça. Inclusive alguns foram agredidos”, informou o movimento oposicionista.
De acordo com Zelaya, diante dos insultos feitos por orteguistas, “Genssy levantou sua voz para dizer que nossa luta não é deste tipo e que continuássemos entoando nossas palavras de ordem”. “Então, tiraram fotos enquanto ele falava e hoje o sequestraram”, relatou a ativista.
O Centro Nicaragüense de Direitos Humanos (Cenidh) denunciou que as prisões e sequestros não param e alertou para a detenção ilegal de ao menos 12 pessoas em todo o país.
Nos últimos três dias, 7 manifestantes foram detidos pela polícia na ilha de Ometepe, incluindo um jovem baleado na perna quando tentava fugir da captura em sua própria casa. Em Masaya, Ruth Matute foi detida quando ia entregar comida ao mardio, Danny García, preso dias atrás. Em Matagalpa, foi encarcerado Oneal Granados.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) qualificou de “alarmante” a retomada de práticas de criminalização de protestos, perseguição judicial e de manifestantes, e esclareceu que os detidos não são informados de seus direitos nem do que são acusados, sendo presos sem que tenham acesso à ordem judicial e nem que seus familiares saibam para onde estão sendo levados.