A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder do governo, afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “não quer deixar o País se desenvolver” e que o mercado financeiro “aposta contra” o Brasil com ataques especulativos. Ela defendeu o fim da “autonomia” do BC.
“O mercado financeiro aposta alto contra o Brasil e quer produzir uma recessão no país. Vergonha!”, declarou.
Jandira criticou a elevação da taxa básica de juros para 12,25%, confirmada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na quarta-feira (11).
“Como justificativa, o Comitê de Política Monetária (Copom) citou a economia aquecida (!) e o desemprego em baixa (!!) como fatores de ‘risco inflacionário’. Não via algo tão nonsense desde os filmes do Monty Python. Ao menos estes eram engraçados”, escreveu a parlamentar em artigo na revista Carta Capital.
“Faz menos sentido ainda se olharmos os números de dois anos atrás: em maio de 2022, a Selic também foi elevada em um ponto e chegou a 12,75%; já a inflação, sob o desgoverno de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, era de 11,73%”, continuou.
“Na época, o presidente do Banco Central ‘autônomo e independente’ era o mesmo Roberto Campos Neto que comandou o aumento da última semana. A diferença é que a inflação hoje é muito menor: 4,87% acumulados nos últimos 12 meses”, denunciou Jandira Feghali.
“Se lembrarmos que cada ponto percentual da taxa básica de juros representa 40 bilhões de reais que deixam de entrar na economia para pagar títulos da dívida pública e engordar os bolsos de especuladores, não fica difícil concluir que o BC de Campos Neto não quer deixar o País se desenvolver”, acrescentou a deputada do PCdoB.
Jandira apontou que “para enfrentar os privilegiados e distribuir melhor a renda, será necessário rever a autonomia de um Banco Central que se distanciou de seu papel na economia. Um BC que serve apenas ao mercado financeiro não serve para o país”.
A lei que deu “autonomia” para o Banco Central estabelece mandatos de quatro anos para os seus presidentes. Campos Neto, que foi indicado por Jair Bolsonaro antes da “autonomia”, assumiu o mandato em 2021 e fica até dia 31 de dezembro.
Jandira Feghali disse, ainda, que não há como negar que “o mercado financeiro aposta contra o País”, dada a fome deste setor por cortes de gastos e privatizações.
“E não importa”, para o mercado financeiro, “que a fórmula neoliberal tenha se esgotado e deixado, como legado, o mundo em que vivemos, com retrocessos econômicos, desigualdade social, extremismo político e o clima à beira do colapso. O negócio é ganhar dinheiro, não importa que o mundo acabe mais cedo”, argumentou.
Em suas redes sociais, a parlamentar comentou o ataque com fake news feitos durante a semana. Nas imagens falsas, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, aparece fazendo comentários sobre a economia do país e sobre a criação de uma moeda do BRICS. Esse tipo de ação resultou em mais um aumento na cotação do dólar, que se aproxima de R$ 6,20.
“O que têm feito se chama ataque especulativo. O mercado financeiro aposta alto contra o Brasil e quer produzir uma recessão no país. Vergonha!”, publicou Feghali.