“Este Natal é, para nós, uma oração pela alma dos mártires e na esperança que essa injustiça tenha fim”, afirma o prefeito da cidade de Belém
Presente à cerimônia da missa de Natal, na Igreja da Natividade, nesta terça, dia 24, o prefeito de Belém, Anton Salman, falou de sua decisão de não erguer uma grande árvore de Natal ao lado da Praça da Manjedoura, este ano: “É difícil para nós celebrar com alegria natalina em meio a esta tragédia, Belém não está separada de Gaza. Nosso desejo era expressar nossa unidade enquanto palestinos. Este Natal, para nós, é uma oração pela alma dos mártires e na esperança de que essa injustiça tenha fim”.
O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, chegou à Igreja da Natividade encabeçando uma procissão que veio desde a Jerusalém ocupada.
Em uma solenidade especial, o patricarca de Jerusalém foi recepcionado, na Praça da Manjedoura, por personalidades políticas e religiosas e também por embaixadores de diversos países.
Em sua chegada, o cardeal Pizzaballa destacou que “este Natal carrega uma mensagem de amor e paz em um tempo em que há uma necessidade urgente de acabar com as guerras e estabelecer a justiça e a dignidade humana”.
Ele destacou que “é o segundo ano em que Belém experimenta um Natal de sofrimento, com as lojas fechadas, queda no turismo e na peregrinação. Há na cidade um sentimento de luto”.
“Visitei a Faixa de Gaza ontem”, relatou o cardeal, “ali testemunhei com meus próprios olhos a espraiada destruição, mas, ao mesmo tempo, pude tomar conhecimento, como nunca, da forte vontade do povo palestino que não se renderá a toda a devastação”.
O cardeal Pizzaballa enfatizou que “o povo palestino não tem outra escolha que não a fé e um melhor amanhã, pois pertence à luz e não à escuridão”.
SOLIDARIEDADE ÀS CRIANÇAS PALESTINAS
A professora Leila Shaheen falou de seus sentimentos conflitantes entre o espírito deste dia e a dor pelo que está acontecendo. “No Natal, estamos acostumados a uma atmosfera festiva mas, como podemos estar alegres enquanto crianças em Gaza estão sendo mortas todos os dias? Nossa presença aqui é uma oração por elas e para que a Palestina volte a ser uma terra de paz”.
Hanna Ibrahim, um jovem taxista, disse que “aqui em Belém vivemos a atmosfera de Natal, mas a amargura em nossos corações é grande. Não podemos separar nossa alegria pelo Natal da dor que o povo palestino em Gaza está experimentando. Sentimos que a oração é o mínimo que podemos lhes oferecer”.
O ministro do Turismo e das Antiguidades, Hani Hayek, expressou sua esperança de que o Natal traga um raio de esperança ao povo palestino. Este Natal vem sob circunstâncias excepcionais. Aqui em Belém, quisemos expressar nossa solidariedade com Gaza e é por isso que as decorações e as celebrações públicas se fazem ausentes. No entanto, ainda estamos tentando mostrar que nosso povo carrega uma mensgem de paz e amor, apesar da dor”.