O chefe do Estado Maior do exército israelense, Gadi Eisenkot, premiou a Divisão de Gaza pelo massacre de palestinos que se manifestam contra o bloqueio ao território, contra a ocupação da Palestina e pelo fim da negação do direito palestino ao retorno.
O prêmio, um Certificado de Reconhecimento, foi entregue à divisão pela contribuição à “segurança de Israel”. Na verdade, o que os atiradores de fuzis têm feito desde o mês de março quando teve início a Grande Marcha do Retorno é o assassinato deliberado de palestinos que exercem seu direito de manifestação contra a atrocidade da ocupação e do bloqueio perpetrados por Israel.
O prêmio é concedido, portanto, aos que mataram 205 manifestantes desde o mês de março e feriram 22 mil. Ao mesmo tempo, durante todo o mesmo período, não houve uma morte sequer de soldado desta mesma divisão que resultasse da ação destes ‘perigosos terroristas’.
Essa aberta e abjeta covardia não impediu que o porta-voz do exército de Israel afirmasse, na quarta-feira, ao concede o prêmio, que “a Divisão de Gaza trata com uma série de ameaças, contra as quais se mantém com força, enquanto mostra determinação, criatividade e sabedoria. Trabalha dia e noite para defender os residentes do sul. ”
Já o chefe do Estado Maior trata as manifestações como “atos terroristas” apesar de ser o Estado de Israel que semeia o terror na Faixa de Gaza. Enquanto os assassinatos prosseguem diuturnamente, Eisenkot, na cerimônia de premiação, deblatera que “nos últimos seis meses vocês têm tratado com ataques de terror, tentativas de violação de nossa soberania sob o disfarce de protestos populares envolvendo mulheres, crianças e adultos”.
De foma similar, as tropas de Hitler destinadas ao extermínio de grupos étnicos que colocavam em risco a pureza da raça ariana, eram denominadas de SS, abreviatura de Schutzstaffel ou “Tropas de Proteção”.
Sob tiros de fuzis com mira telescópica, os manifestantes são caçados como se animais fossem e o morticínio, além de não poupar mulheres e crianças, já tirou a vida de jornalistas, enfermeiros e socorristas. Nada disso impediu o militar israelense de afirmar que os integrantes da Divisão (que muitas vezes filmavam a se próprios rindo ao matarem crianças palestinas, festejando como se numa competição de tiro ao alvo) “agiram com responsabilidade e profissionalismo” e mais, “merecem reconhecimento internacional por seus esforços”.
Embora a agressão aos protestos palestinos envolva atiradores fortemente armados atirando em multidões de manifestantes palestinos jovens e desarmados que chegam muito perto da fronteira de Gaza com Israel, a mídia norte-americana segue denominando o massacre de “confrontos”.
Mas mesmo este massacre indiscriminado e criminoso não deixou satisfeito o ministro da Educação de Israel, Naftali Bennett, que, sedento de mais sangue, acaba de considerar que a ação militar israelense deixa feridos em excesso pois os soldados israelenses deveriam ser instruídos a “atirar para matar” mesmo quando se trata de crianças que participem das manifestações: “são todos terroristas”, diz Bennett.
Sob bloqueio há 11 anos, a Faixa de Gaza já tem a potabilidade da água comprometida e há uma crise humanitária deliberadamente provoca pelos genocidas israelenses a tal ponto que a ONU alerta que em dois anos a sobrevivência das pessoas em Gaza estará comprometida.
NATHANIEL BRAIA