Claudia Sheinbaum, presidente do México recém empossada, anuncia investimentos para industrializar o país. A medida principal anunciada é a criação da primeira fábrica para a manufatura de carros elétricos. A formação de uma missão espacial, uma equipe 100% latino-americana é a segunda medida que implica em desenvolvimento tecnológico.
Na procução de carros, o investimento produzirá a fabricante de veículos elétricos ‘Olinia’ (significa movimento na língua indígena Náhuatl) com a colaboração entre capital estatal e privado. Os carros irão custar entre 90.000 e 150.000 pesos mexicanos (cerca de R$26.487,36 e R$44.145,60).
“Este pequeno carro deve ser seguro, elétrico, capaz de ser conectado a qualquer tomada e ter a maioria de seus componentes mexicanos”, disse Sheinbaum. “Então, aos poucos, vamos construir essa cadeia produtiva.”
A tecnologia do carro vai ser desenvolvida nas escolas de engenharia Instituto Politécnico Nacional (IPN) e o Instituto Tecnológico Nacional do México (TecNM) com orçamento para 2025, de 25 milhões de pesos mexicanos (R$7.357.375,00 reais).
O primeiro modelo do carro será revelado no jogo de abertura da Copa Mundial de 2026 no Estádio Azteca em 11 de julho.
O governo mexicano também está planejando uma missão espacial para 2027. Eles estão propondo fazer uma colaboração com outros países latino-americanos. Eles planejam desenvolver a indústria aeroespacial mexicana em exportações em torno de 10% até 2030.
De acordo com a ‘Coordenadora do Conselho Consultivo para o Desenvolvimento Econômico Regional e Realocação de Empresas’ no México, Altagracia Gómez Sierra, que anunciou o ambicioso programa espacial, a astronauta mexicana Katya Echazarreta fará parte da missão que contará com a participação dos setores acadêmico, governo e setor privado. Eles também estão planejando lançar um satélite de telecomunicações mexicano.
Outro projeto aeroespacial mexicano vai ser o ‘Colmena’, que visará a exploração da lua e o desenvolvimento de tecnologias para o setor.
“Isso marca um momento crucial para o futuro aeroespacial do México”, disse Gómez. “Nosso objetivo é liderar a primeira missão espacial 100% latino-americana e o lançamento do satélite é um marco crucial para a realização dessa ambição.”
Segundo a presidente, Katia Echazarreta, que é a primeira mulher mexicana a ir para o espaço na missão Blue Origin NS21, fará parte da missão.
“O sucesso dessas iniciativas depende de investimentos sustentados em educação, inovação e desenvolvimento da força de trabalho”, completou Gómez. “Garantindo que o México permaneça na vanguarda da indústria aeroespacial”.
Para o doutor em economia, Moritz Cruz Blanco, da Universidade de Manchester, esse investimento da indústria nacional é “fundamental nos processos de crescimento e desenvolvimento econômico”.
“Imagine criar sua própria tecnologia e não depender mais de outros países para avançar e ser capaz de progredir no sentido de abrir mercados ou ter seu próprio mercado e satisfazê-lo. Ter soberania em termos de ciência e tecnologia é mais uma ferramenta neste mundo em mudança e onde os mesmos processos de globalização estão sendo revertidos e onde você não pode mais, em teoria, depender de outros mercados,” disse em uma entrevista ao site de notícias Sputnik.
Óscar Rojas Silva, Doutor em Economia pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) defende que o desenvolvimento nacional de tecnologias proporcionam um maior grau de soberania e independência.
“Estamos em um momento de reorganização geopolítica e uma das características que fica clara é que os países que optam por tecnologias próprias têm maior grau de soberania. Portanto, não é apenas uma boa aposta, mas uma aposta totalmente necessária, de acordo com o panorama que estamos vivendo de recomposição geopolítica”, disse Rojas à Sputnik.
“A busca desses objetivos tecnológicos ajuda a reconstruir seu mercado interno, e a chave para isso é o salto da montagem tradicional de baixo valor para o desenvolvimento de tecnologias de alto valor que permitem fortalecer o mercado doméstico em diferentes níveis.”
“O que basicamente aconteceu é que toda essa visão do neoliberalismo significava que o México não poderia se desenvolver, não deveria desenvolver políticas industriais, ou seja, que não buscou competir com outros setores, simplesmente para apoiá-los nesses segmentos de baixo valor.”
“Tratava-se total e absolutamente da imposição do poder e da corrupção interna dos governos neoliberais que permitiram a desindustrialização do país”, completou.