O assentamento Olga Benário, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé, no interior de São Paulo, sofreu um violento atentado na noite dessa sexta-feira (10) que, até o momento, deixou dois mortos e mais seis baleados, entre eles, idosos e crianças.
O ataque, provavelmente por disputa de terras com o crime organizado, conforme informações da polícia, ocorreu por volta das 23h25. Segundo relato dos sobreviventes, 10 homens em carros, motos e caminhonetes, portando armas de fogo, invadiram o local, na estrada do Canegal, atirando nos trabalhadores rurais assentados. Os homens que morreram foram identificados como Valdir do Nascimento (Valdirzão) e o jovem Gleison Barbosa de Carvalho, conhecido como Jovem Gue Gue.
De acordo com o MST, os trabalhadores baleados, alguns em estado grave, continuam hospitalizados, e serão submetidos a cirurgia.
Segundo trecho do boletim de ocorrência, foi noticiado por policiais militares “que teria ocorrido um ataque a tiros (…) no assentamento Olga Benário, na cidade de Tremembé, possivelmente envolvendo disputa por terras, dando conta de diversos feridos, além de vítimas que evoluíram a óbito. Segundo informações, as vítimas teriam sido socorridas para o Hospital Regional de Taubaté e Pronto Socorro de Tremembé”.
Outro trecho do boletim, divulgado pelo MST, afirma que “a partir das informações, esta Autoridade Policial, de pronto, requisitou perícia para o local, além de diligenciar até o Hospital Regional de Taubaté, Pronto Socorro de Tremembé, e local dos fatos, obtendo a informação de tratar-se, até o presente momento, de 8 (oito) vítimas baleadas, sendo que destas, 2 (duas) já teriam evoluído para óbito”.
Conforme relato do policial militar Cabo Tavares, o cenário parecia uma invasão: “vários facões jogados e cápsulas de vários calibres espalhados no local”.
Segundo o advogado que representa os agricultores assentados, Dr. Pedro Camilo, os assaltantes queriam ocupar um lote onde fica um poço, que já é demarcado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos. “Quando eles chegaram, não queriam conversar com ninguém e já chegaram atirando”, explicou Pedro Camilo.
“Neste momento de profunda dor, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra se indigna perante a violência e a falta de políticas públicas de segurança nos territórios, que põem a vida de tantos em constante risco. Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas uma vida inteira de luta!”, diz nota divulgada pelo movimento.
PARAMENTARES
“Foi com imensa tristeza e revolta que recebemos a notícia sobre o ataque criminoso e assassino contra o assentamento Olga Benário. Famílias inteiras, crianças, idosos, pais e mães de família foram feridos e expostos ao risco de morte. É imperativo que se investigue a fundo e que os culpados sejam severamente punidos pela Lei. Não adianta somente expressar solidariedade, é preciso que se faça JUSTIÇA e que, sobretudo, a justiça social seja o foco da atuação do Estado”, se manifestou a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP).
A deputada também se colocou à disposição do movimento para “exigir justiça, segurança e paz”. “Aos assentados e suas famílias, recebam o nosso abraço fraterno e que Deus conforte o coração de vocês. Contem conosco para exigir justiça, segurança e paz a vocês”, disse.
Além de Leci Brandão, a bancada de deputadas e deputados estaduais da Federação PT/PCdoB/PV, também divulgou uma nota, se solidarizando com as famílias do assentamento Olga Benário, afirmando que “o ataque aos assentados exige uma investigação imediata, com identificação e punição dos envolvidos”.
“A violência da ação resultou na morte de duas pessoas e deixou seis feridos. Segundo informações no local, lideranças continuam hospitalizadas, onde serão submetidas a cirurgia, em estado de saúde grave. O ataque aos assentados exige uma investigação imediata, com identificação e punição dos envolvidos. É inaceitável que famílias não tenham o direito de viver em paz”, afirma a nota.
“Reiteramos nosso repúdio a esta atrocidade e nossos sentimentos às famílias enlutadas”, finaliza a nota, assinada pelo deputado Paulo Fiorilo, líder da Federação PT/PCdoB/PV na Assembleia Legislativa de São Paulo.