Entidade pró-palestina ‘Fundação Hind Rajab’ pede a autoridades italianas e ao TPI a prisão do general Chassan Alian que se encontra na Itália. A denúncia é de que ele que atuou no cerco a Gaza, fazendo palestinos morrerem por inanição e falta de medicamentos
O general Ghassan Alian teve sua prisão requisitada pela entidade pró-palestina ‘Fundação Hind Rajab’ (HRF, sigla em inglês), junto ao Tribunal Penal Internacional (TPI) nesta segunda-feira (13).
O general é acusado de participar na direção da organização do bloqueio à Faixa de Gaza, deixando a área sob ataque com grande escassez de alimentos e medicamentos durante o ano de 2024, a barreira criada pelo general Ghassan e asseclas israelenses levou muitos palestinos à morte por inanição (especialmente crianças) e outros por falta de medicamentos para tratar feridos pelas bombas lançadas pelas forças de Netanyahu.
Além da denúncia ao TPI, a Fundação informou às autoridades da Itália sobre a presença de Ghassan em Roma.
DOSSIÊ
A Fundação entregou um dossiê, para sustentar seu pedido de prisão, no qual informa que o general Ghassan é chefe do Departamento de Coordenação das Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT, por sua sigla em inglês), cargo pelo qual foi responsável por supervisionar o bloqueio total de suprimentos à Faixa de Gaza.
No documento, a HRF afirma que Alian “foi um dos que operacionalizou a política com a qual o Estado de Israel transformou a fome da população civil em arma de guerra”.
A requisição de detenção do general especifica que a Itália é um dos membros mais destacados do TPI, já que a entidade foi criada a partir do Estatuto de Roma, assinado em 1998 e que, portanto, caso o tribunal dê parecer favorável à prisão do militar israelense, o governo italiano estaria obrigado a acatar a decisão.
O TPI já emitiu mandados de prisão por crimes de guerra e de lesa-humanidade até mesmo contra o próprio primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
A JUSTIÇA BRASILEIRA
A Fundação Hind Rajab também foi a entidade que solicitou o pedido de investigação às autoridades brasileiras, o que resultou na determinação pela Justiça brasileira, através da juíza Raquel Charelli, do Distrito Federal, de que a Polícia Federal abrisse investigação contra o acusado por destruir quarteirões residenciais inteiros em Gaza, Yuval Vagdani, no dia 5 deste mês.
A decisão teve repercussão mundial pois o país foi pioneiro na tomada de posição judicial contra um criminoso de guerra israelense em passagem de veraneio no Morro de São Paulo, na Bahia.
Vagdani conseguiu fugir do Brasil horas depois da decisão da Justiça, com a ajuda da embaixada de Israel aqui, numa flagrante violação da soberania nacional.
A Fundação Hind Rajab se especializou no levantamento de informações sobre criminosos de guerra israelenses circulando fora de Israel. As denúncias se baseiam em dados extraídos de informações dos próprios criminosos em redes sociais. Nos meses recentes, a Fundação já enviou mais de 1.000 requisições de prisão contra soldados israelenses.
A Fundação acusa o general de “desumanização pública” dos palestinos a quem tratou de “animais humanos” em uma de suas postagens que, assim, refletem as intenções por trás de suas ações.