A atividade econômica do país registrou um crescimento de 0,6% em novembro de 2024, na comparação com outubro (recuo de -0,6%) do mesmo ano, de acordo com o Monitor do PIB-FGV, divulgado na sexta-feira (17). No entanto, a economista responsável pelo indicador, Juliana Trece, alerta que o resultado positivo se deu pela base de comparação baixa.
“Embora tenha crescido 0,6% em novembro, muito disso é porque tivemos queda forte em outubro”, afirma Juliana Trece, que também alerta que o resultado veio acompanhado pela estagnação de setores importantes da economia “como a indústria de transformação, serviços e consumo das famílias”.
Outro indicador de “prévia” do PIB, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), divulgado na última quinta-feira (13), aponta que o PIB brasileiro registrou alta de 0,1% em novembro na comparação com outubro, mês que marcou também 0,1%.
Ambos indicadores são considerados como termômetros para o resultado oficial do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A economista Juliana Trece afirma que “no caso do Monitor, que tem os dados desagregados, conseguimos ver claramente que, embora tenha crescido 0,6% em novembro, muito disso é porque tivemos a queda forte em outubro”, ressalta Trece. “Além disso, segmentos importantes estão estagnados, como a indústria de transformação, serviços e consumo das famílias. No caso do IBC, a economia está no quarto mês seguido de crescimento, mas nos dois últimos, por exemplo, foi 0,1%, o que mostra uma certa estagnação também”, explica Juliana à coluna da economista Míriam Leitão, no jornal O Globo.
Frente a novembro de 2023, o Monitor do PIB-FGV indica que a economia cresceu 3,4%. A taxa acumulada em 12 meses até novembro também ficou em 3,4%.
No penúltimo mês de 2024, a taxa de investimento – que é a relação entre o volume de investimentos e o PIB – de novembro ficou em 17,6% – um resultado bem aquém das necessidades das do país. Juliana Trece alerta que, com a retomada do ciclo de aumento da Selic (taxa básica de juros), em setembro de 2024, a tendência é de “declínio dos investimentos”.
“Embora seja uma das maiores taxas apresentadas nos últimos dois anos”, observa Trece, “nota-se uma tendência declinante da taxa de investimentos, desde agosto de 2024”.
Segundo a economista, entre os fatores que ajudaram para o resultado positivo da prévia do PIB foram os investimentos em máquinas e equipamentos, que cresceram 10,0% no trimestre móvel encerrado em novembro, conforme o indicador de Formação Bruta de Capital Fixo(FBCF).
No entanto, “nota-se redução do crescimento comparado as taxas dos meses anteriores. O segmento de máquinas e equipamentos manteve contribuição similar, contudo, os segmentos da construção e de outros da FBCF reduziram suas contribuições positivas”, afirma economista, no relatório com os resultados do Monitor do PIB-FGV de novembro de 2024.
A economista explica que a “alta da Selic tem uma defasagem para atingir a atividade econômica, essa redução do ritmo da taxa de investimentos, de setembro para cá, já é uma sinalização importante. Indica dificuldade de crescimento futuro, ao menos, no ritmo que vimos em 2024”, observou.
A Selic encerrou o ano de 2024 em 12,25% ao ano, após três aumentos no nível pelo Copom (Comitê de Política Monetária), em reuniões ocorridas entre setembro e dezembro de 2024.
Como resultado do aperto monetário, a produção industrial do Brasil recuou 0,6% em novembro de 2024 ante outubro do mesmo ano, sendo a segunda queda mensal consecutiva da produção fabril – em outubro de 2024, o recuo foi de 0,2%- , segundo dados do IBGE.
Já as vendas do comércio varejista brasileiro registraram queda de 0,4% em novembro frente a outubro, enquanto o volume de serviços prestados no país recuou 0,9% na mesma base de comparação.