Denunciado por associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado
Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio, foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por participar dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Ao primo dos 3 filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram imputados os crimes de associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.
A pena para o conjunto desses crimes, nos julgamentos que estão sendo realizados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) tem chegado a 17 anos.
A denúncia assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, enviada ao STF, no último dia 15, aponta que o denunciado teve participação no “planejamento, incitação e execução” dos atentados às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“INCITOU PUBLICAMENTE, DE FORMA REITERADA”
Conforme Gonet, Léo Índio manteve contato frequente com outros acusados da tentativa de golpe, e “incitou publicamente, de forma reiterada” a prática de atos antidemocráticos, além de ter participado dos atos violentos na Praça dos Três Poderes.
“Há prova suficiente de que o denunciado, aderindo subjetivamente às ações delitivas praticadas por terceiros, em circunstâncias nas quais tinha conhecimento da finalidade dos atos praticados, participou como incitador e executor dos atos antidemocráticos, compareceu aos atos de insurgência ocorridos no Congresso Nacional e concorreu dolosamente para a prática das condutas criminosas pelo grupo expressivo de executores dos atos de 8.1.2023”, escreveu o procurador.
Ao longo da denúncia, Gonet cita publicações feitas pelo familiar dos Bolsonaro, entre essas, uma feita no WhatsAPP em novembro de 2022, após receber a possível localização de ministros do STF: “uma bomba cairia bem” ou “um raio dos céus”.
PROVAS DAS PRÁTICAS DELITIVAS
No dia 4 de janeiro de 2023, ele questionou o contato em rede digital: “irão invadir o congresso” e “se não for fazer nada, qual sentido?”. A conversa foi considerada pela PGR demonstração da predisposição de Léo Índio em incitar atos de insurgência.
O procurador cita também posts do suspeito em que ele aparece em cima do Congresso Nacional e próximo ao STF no dia dos atos golpistas. Os golpistas produziram muitas e fartas provas contra si mesmos.
Ainda conforme a PGR, ele esteve envolvido em manifestações em acampamentos montados em frente a quartéis do Exército após Lula (PT) ter sido eleito em outubro de 2022.
Léo acampou em frente ao QG de Brasília, até dia 9 de janeiro, e esteve “incitando, publicamente, a animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais”.
“TEMÁTICA ANTIDEMOCRÁTICA” NAS REDES
Ele também estava em grupos de WhatsApp com “temática antidemocrática”, onde compartilhava “conteúdos inverídicos e golpistas”, entre esses ‘Vamos lutar pelo Brasil’, ‘Pátria Amada’ e ‘Brasil é Bolsonaro 2022’.
Nesses ciberespaços, foram compartilhadas mensagens que sugeriam intervenção militar e desinformação sobre o resultado do pleito, no qual o tio dele, Bolsonaro, foi derrotado.
Na última sexta-feira (17), o ministro-relator do caso no STF, Alexandre de Moraes, pediu que a defesa de Léo Índio se manifeste sobre a acusação.
Antes de apresentar a denúncia contra Léo Índio, o chefe do MPF (Ministério Público Federal) pediu que Alexandre de Moraes decretasse o bloqueio de R$ 26,6 milhões em bens do primo dos filhos de Bolsonaro.
Outros acusados pelos atos golpistas também receberam o mesmo pedido, que visa reparar os danos causados pelos vândalos que depredaram o STF (sede do Poder Judiciário), o Congresso Nacional (Poder Legislativo) e o Palácio do Planalto (sede do Poder Executivo).
O golpista foi alvo de duas etapas da Operação Lesa Pátria, que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro, e, em uma dessas, teve o celular e o passaporte apreendidos.