Axel Kicillof denuncia que o presidente argentino “está fazendo um esforço sobre-humano para militarizar o ajuste”, se festejando como um êxito as ações na Bolsa, enquanto caem os rendimentos e se deterioram as condições de vida dos setores médio, trabalhadores e populares, abrindo mão da soberania em troca de tapinhas nas costas”
O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, desmentiu nesta quarta-feira (22) as alegações do presidente da Argentina, Javier Milei, de que o país estaria melhorando com a política de ajuste fiscal implementada.
“Como de costume, sempre que governa a direita, testemunhamos o esforço sobre-humano para militarizar o ajuste. Ou seja, atenuar ou mesmo fazer passar por positivo o sacrifício que fazem padecer a sociedade. Assim, se festeja como um êxito que subam os bônus e as ações na Bolsa, enquanto caem os rendimentos e se deterioram as condições de vida dos setores médio, trabalhadores e populares”, afirmou Axel Kicillof em suas redes sociais.
Governador da mais populosa das 23 províncias do país – com 17,5 milhões dos 47 milhões de habitantes -, Kicillof disse que “o episódio de hoje tem como título ‘Os argentinos mudaram hábitos e agora consomem mais carne de frango do que carne bovina’”. “É uma forma enganosa e miserável de apresentar a cruel realidade: com a política econômica de Milei, o consumo de carne despencou e é o mais baixo em 100 anos, da mesma forma que caiu o consumo de frango, leite, frutas, vegetais, etc.”, acrescentou.
De acordo com o jovem líder peronista, “estão destruindo a capacidade de consumo do povo argentino”. “Com Milei, o dinheiro não chega para quase ninguém”, frisou.
CONSUMO INTERNO REDUZ PARA GERAR MAIS “SALDOS EXPORTÁVEIS”
“Que fique claro: a realidade é que o consumo interno de carne bovina despencou, e o que chama a atenção é que em 2024 o consumo de frango também caiu. O outro lado é que o que cresceu fortemente foi a exportação de carne bovIna”, explicou.
“A Argentina da Milei é assim, de menos consumo de carne e proteína. E o modelo do seu país – como no seu paraíso perdido no final do século XIX – é precisamente esse: que a maioria reduza o seu consumo por não ter rendimentos suficientes e se gere mais ‘saldos exportáveis’ de alimentos, como de petróleo, gás e petróleo. Fome e sofrimento no celeiro do mundo”, protestou.
“MILEI ESTÁ ENTREGANDO NOSSA SOBERANIA, NOSSOS EMPREGOS E NOSSA RIQUEZA”
Na avaliação do governador de Buenos Aires, é inaceitável “vermos Milei percorrendo os países centrais, entregando a nossa soberania, os nossos empregos e a nossa riqueza natural a quem pagar mais”. “Os estrangeiros não devem acreditar o quão barato que nos vende, em troca de reconhecimento pessoal, tapinhas nas costas e prêmios fraudulentos”, condenou.
Nesta semana no Fórum Econômico Mundial de Davos, Milei voltou a oferecer a preço irrisório as riquezas do país aos estrangeiros, particularmente por meio de um acordo com os Estados Unidos.
“Temos uma cordilheira rica em lítio, prata, ouro, cobre e urânio, dos quais hoje exportamos praticamente zero devido aos caprichos ideológicos de antigamente. É por isso que procuramos avançar num acordo de livre comércio com os EUA”, sublinhou Milei, durante o evento denominado Diálogo de Estratégia Nacional sobre a Argentina.
Logo após o anúncio de Trump de que retiraria os EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Acordo de Paris (sobre mudanças climáticas), entre outras organizações internacionais, Milei comunicou que avalia dar mais um passo na “batalha cultural” e romperia com os espaços de diálogo e cooperação internacional que não coincidam com a sua posição ultraneoliberal.