A Anistia Internacional (AI) denunciou que entre abril e agosto deste ano o governo de Donald Trump separou 6 mil famílias imigrantes com sua política de “tolerância zero”, o dobro das 3 mil que havia informado.
Conforme levantamento do Escritório de Aduanas e Proteção Fronteiriça (CBP, estão excluídas das separações forçadas – ocorridas apenas entre os dias 19 de abril e 15 de agosto – as que foram realizadas entre avós e outros membros da família não-imediata, cujas relações são qualificadas como “fraudulentas” pelas autoridades. Desde 2017, o número de famílias separadas por Trump ascende a 8 mil.
Os casos descritos no documento revelam as entranhas de um estado policial, que – seja sob o governo de Trump ou de Barack Obama – despreza completamente os imigrantes, a quem é negada a própria condição de seres humanos.
Entre os inúmeros exemplos de atropelos encontra-se a história de uma criança, Alexa, separada da mãe salvadorenha, Araceli Ramos, no momento em que foram capturadas na fronteira do México com os Estados Unidos. As duas buscavam fugir do ex-parceiro abusivo de Araceli, quando Alexa foi arrancada dos braços da mãe, e agentes disseram que ela “nunca mais a veria”.
ADOÇÃO ILEGAL COM OBAMA
Iniciado em novembro de 2015, ainda sob o governo Obama, o caso de Alexa expõe a irracionalidade de uma política que – seja sob os partidos Democrata como Republicano – persegue, separa e segrega. Alexa foi forçada a ficar longe da mãe por 15 meses, período em que ficou sob os “cuidados” do Escritório Federal de Reassentamento de Refugiados e a relações que podem ter graves impactos na vida da criança. “Levou 28 minutos para um juiz em um tribunal rural perto do Lago Michigan conceder aos pais adotivos de Alexa, Sherri e Kory Barr, tutela temporária. A mãe de Alexa e o advogado de imigração da menina não foram sequer notificados sobre o processo”
Mas, infelizmente, as denúncias da segregação e do abandono se multiplicam, e vêm de há muito tempo. No Missouri, descreve a AP, “um casal americano conseguiu adotar permanentemente um bebê cuja mãe guatemalteca foi pega em um ataque de imigração”. Essa batalha legal de sete anos que pôs fim aos direitos parentais da mãe terminou em 2014. Tragicamente, na atualidade, o risco para as crianças imigrantes “cresceu exponencialmente” e novas adoções estão no horizonte. Neste momento, há 13.000 crianças imigrantes detidas nos EUA, muitas delas sem seus pais.