A greve geral por tempo indeterminado contra o arrocho fiscal e os cortes de investimentos públicos, aplicados pelo presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, submisso às imposições do FMI, chegou ao 35º dia com manifestações, reuniões, atos e outras ações em todas as regiões do pais centro-americano.
Desde o dia 10 de setembro passado, entidades filiadas à Unidade Sindical e Social Nacional -coalizão de agrupações operárias e sociais – realizam uma greve geral contra essas medidas que já foram aprovadas em primeira sessão na Assembleia Legislativa, e agora está em consulta em diferentes setores, entre elas o Poder Judicial.
Conforme as organizações sindicais, estudantis e cooperativas, o enorme tamanho da repulsa é devido ao fato de que o projeto de lei, se aprovado definitivamente, provocará um absurdo aumento dos impostos, do custo da cesta básica e dos serviços sociais para a população, enquanto a evasão fiscal das grandes empresas multinacionais – uma das maiores da América Latina – não será tocada.
Os trabalhadores denunciam que a reforma tributária «desestabiliza a economia» do país centro-americano, nomeadamente com a aplicação de um imposto de 13% em serviços informáticos, de eletricidade e de transporte privado, e de uma taxa de 4% nos sectores da Educação e da Saúde.
De acordo com dados oficiais, o déficit fiscal supera 7% do Produto Interno Bruto (PIB). Esta diferença negativa entre os ingressos e gastos estatais que cumpre mais de 10 anos de estar crescendo, vem sendo resolvida com empréstimos, que até esta data equivalem a 50% do PIB. Uma situação que, com governos capachos, envolveu a Costa Rica em um ciclo de assumir dívida para pagar a duras penas os gastos mais primários (salários e funcionamento da máquina do governo).
Representantes dos principais sindicatos costarriquenhos voltaram a exigir a supressão dessa “nova” política fiscal, rechaçada por 86% da população como “prejudicial aos cidadãos” e reiteraram que vão se manter nas ruas até que seja revogada.
Segundo o presidente do Sindicato de Trabalhadores da Educação, Gilbert Díaz, um documento apresentado pelo governo para pôr fim ao movimento foi “totalmente rechaçado e, portanto, a greve continua com mais força”.
“Estamos fazendo um chamado a toda a cidadania para que se some a este grande movimento. Nós temos seis grandes setores sindicais e todos eles repudiaram o acordo proposto, tornando evidente que é inaceitável”, acrescentou o secretário da Associação Nacional de Empregados Públicos e Privados, Albino Vargas.