O PL vai indicar Flávio Bolsonaro, que já foi denunciado por roubar parte do salário de seus assessores, para presidir a Comissão de Segurança Pública do Senado Federal. A nomeação é como parte da negociação para o partido apoiar Davi Alcolumbre (União-AP) na eleição pela Presidência da Casa, que ocorrerá neste sábado (1).
O PL também vai indicar o primeiro vice-presidente da Casa, podendo ser o senador Eduardo Gomes (TO) a ocupar o cargo.
Flávio Bolsonaro já foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-Rj) pela prática de “rachadinha”, que configura o crime de peculato, em seu gabinete quando era deputado estadual do Rio de Janeiro.
O caso surgiu em 2018, quando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações financeiras atípicas no gabinete e entre assessores, especialmente com Fabrício Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão. Flávio Bolsonaro Bolsonaro desviou R$ 6,1 milhões.
O esquema consistia no roubo de parte do salário dos assessores que eram indicados por Flávio, sendo que alguns eram “fantasmas”, ou seja, foram indicados somente para o desvio de dinheiro.
Em 2020, o MP-RJ denunciou Flávio, Queiroz e outras 15 pessoas pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e apropriação indébita.
Os investigadores revelaram que o dinheiro roubado passava por Fabrício Queiroz para chegar a Flávio Bolsonaro em espécie ou através de uma loja de chocolates e de transações de imóveis que serviam para lavar dinheiro.
A denúncia foi rejeitada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). O pai de Flávio, Jair Bolsonaro, que ensinou a prática de rachadinha para os filhos, mobilizou todo seu governo para protegê-lo.
De forma ilegal, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada para que Flávio Bolsonaro se livrasse da denúncia.
Uma gravação mostra o então chefe do órgão, Alexandre Ramagem, orientando as advogadas de Flávio Bolsonaro sobre como elas deveriam buscar anular o caso. A Abin espionou e produziu relatórios sobre os auditores da Receita Federal que produziram os relatórios que originaram a investigação contra Flávio.
Enquanto isso, Flávio Bolsonaro comprou uma mansão de R$ 6 milhões no Setor de Mansões Dom Bosco, um dos mais valorizados de Brasília. A casa tem 2,4 mil metros quadrados, piscina, academia e outros espaços de luxo.
Flávio também é relator no Senado do projeto que abre brechas para a privatização das praias. Devido à grande repercussão negativa, a tramitação do projeto está parada, mas pode ser movimentada nesta nova lesgislatura.