O Brasil voltou a ser o país com o maior juro real do Planeta, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar o nível da Selic (taxa básica de juro) em 1 ponto percentual (p.p), de 12,25% para 13,25%, na quarta-feira (29).
Além disso, a Argentina que tinha a maior taxa reduziu seus juros em 3 pontos percentuais, e agora é a terceira.
Os brasileiros pagam uma taxa de juro real de 9,18% (descontada a inflação), segundo dados do site MoneYou, divulgados na última sexta-feira (31). Conforme o site de consultoria financeira, a média geral de juros, entre os 40 países pesquisados, está em 1,26%, sendo que em 12 países o juro real está negativo e outros 19 países com taxa abaixo de 2% ao ano.
Até a noite da última quinta-feira (30), o Brasil figurava na segunda colocação do ranking mundial de juros reais. Mas com a decisão do Banco Central da República da Argentina de reduzir a taxa básica de juros do país em 3 pontos percentuais, passando de 32% para 29% ao ano, o juro real do país vizinho, que até então estava em 1º lugar no ranking, caiu de 9,36% para 6,14%, e agora está na terceira colocação na lista dos maiores pagadores de juros do mundo.
O juro real é o ganho efetivo que os banqueiros obtêm de empréstimos e aplicações financeiras, após descontar a inflação. Ou seja, o juro real é, exatamente, o lucro do banqueiro.
Desta forma, o Brasil é o pior lugar do mundo para o setor privado investir em produção, na ampliação de projetos, na geração de novos empregos. Por outra via, o Estado brasileiro perde ainda mais a capacidade de investimento, já que os juros altos do Banco Central (BC) estão aumentando o endividamento público.
Com a retomada do ciclo de aumento da taxa Selic (juros base da economia) pelo Banco Central (BC), em setembro de 2024, o gasto do setor público (União, Estados/municípios e estatais) com o pagamento de juros atingiu a soma de R$ 950,4 bilhões (8,05% do PIB), no acumulado de todo ano de 2024. O montante é R$ 232,1 bilhões a mais do que foi gasto em 2023 (R$ 718,3 bilhões), segundo dados do relatório de “Estatísticas Fiscais” do BC, divulgado na última sexta-feira (31).