PF mostrou que as provas “demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos” para aplicar um golpe
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pretende apresentar a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no caso da tentativa de golpe ainda em fevereiro.
O relatório apresentado pela Polícia Federal junto do indiciamento apresenta diversas provas do envolvimento direto de Bolsonaro na organização do golpe.
Caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar a denúncia e iniciar o julgamento.
Segundo o jornal O Globo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, fala a interlocutores que o caso “exige muita atenção” e a denúncia não pode ser apresentada com pressa.
O indiciamento, etapa anterior à denúncia, foi feito em novembro de 2024 pela Polícia Federal, que investigou Jair Bolsonaro e seus aliados que participaram da organização do golpe. O relatório final do inquérito tem 884 páginas detalhando a atuação da quadrilha.
De acordo com a corporação, as provas “demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”.
Os investigadores citam a disseminação, com uso da estrutura do governo federal, de fake news sobre as urnas eletrônicas, tendo como objetivo desacreditar as eleições. Em reunião com seus ministros, orientou todos a participarem da campanha de fake news contra a democracia.
Depois da derrota nas eleições presidenciais para Lula, o partido de Bolsonaro, o PL, apresentou um documento com “dados técnicos inconsistentes”, “deliberadamente apresentado com ciência e autorização de Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto”, presidente do partido, questionando a lisura das eleições.
Enquanto isso, Jair produziu, junto com seus assessores, um decreto presidencial para instalar uma ditadura, anulando as eleições e mantendo a si mesmo no poder.
Ele pediu apoio para os comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha, tendo sido rechaçado pelos dois primeiros.
Bolsonaro tinha conhecimento da carta que foi produzida por militares para pressionar o então comandante do Exército, general Freire Gomes, a aderir ao golpe que estava sendo organizado.
A investigação contou com a colaboração do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.
Em uma fase mais recente do inquérito, a PF revelou a existência de um plano para assassinar Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.