Uma ação de garimpeiros no município de Humaitá (AM), a 675 quilômetros de Manaus, deixou prédios de órgãos ambientais em chamas, viaturas tombadas e casas e carros de servidores danificados, na última sexta-feira (27). A sede do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram incendiados.
Ninguém ficou ferido, porém servidores dos órgãos ambientais tiveram que buscar abrigo em unidades das Forças Armadas.
Humaitá fica no Sul do Amazonas, uma região onde se acumulam agressões ao Meio Ambiente, que vão desde o desmatamento à extração ilegal de ouro. Na semana passada, Ibama, ICMBio, Marinha, Exército e Força Nacional iniciaram a Operação Ouro Fino, para combater o garimpo no Rio Madeira, uma atividade que se espalha desde Porto Velho (RO) até Novo Aripuanã (AM), centenas de quilômetros rio abaixo.
Para o superintendente do Ibama no Amazonas, José Leland Juvêncio Barroso, milícias organizadas estão por trás do ataque. “É uma região de fronteira agrícola, onde o Ibama tem intensificado a fiscalização”, afirma Leland. “Veio gente de fora e financiou isso, para desestabilizar o estado”, sustenta.
Segundo o procurador da República Aldo de Campos Costa, aparecem diversas evidências de participação de políticos nos ataques ocorridos na sexta-feira. “Já temos o nome inclusive de alguns agentes públicos envolvidos”, afirmou o procurador por telefone. “São vídeos e áudios que populares enviaram tanto para a Polícia Militar quanto para o Ministério Público. Com esses elementos, nós vamos abrir uma investigação formal e, posteriormente, processar e responsabilizar os envolvidos”.
O trecho do rio Madeira, no Amazonas, fica localizado perto de uma comunidade onde residem 16 famílias, em uma área que faz parte da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Madeira, de 283 mil hectares. Além de sofrerem com a contaminação oriunda da prática de garimpo, os moradores sofrem com o barulho alto dos motores ligados e com o ar repleto de fumaça de óleo diesel. A pesca já foi interrompida. Os danos ambientais são preocupantes, como uma mudança no leito do rio, despejo de derivados de petróleo e o transtorno para a fauna aquática.