O Sintect-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo) protocolou um ofício esta semana cobrando da direção dos Correios o atraso no pagamento do salário dos funcionários, que deveria ter ocorrido no último dia de janeiro.
“Diversos trabalhadores procuraram esta Entidade Sindical, relatando a falta de pagamento no último dia do mês e os prejuízos que isso acarretou aos empregados. Muitos atrasaram seus aluguéis, financiamentos, contas de energia e água, todas essas contas gerando multas e juros”, afirma o sindicato no ofício enviado à empresa.
O documento cita ainda que “algumas trabalhadoras relataram que não conseguiram comprar os remédios para seus filhos com necessidades especiais, demonstrando uma verdadeira falta de respeito com essas famílias”.
O sindicato solicita “providências urgentes para a regularização da situação e cumprimento dos prazos contratuais e legais, garantindo que os trabalhadores recebam seus salários de forma pontual, evitando assim, prejuízos e possíveis medidas administrativas e judiciais cabíveis”.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos está atravessando uma crise financeira, com um déficit de R$ 3,2 bilhões. Cobrado em uma reunião no último dia 31 com o presidente Lula e a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, sobre a questão, o dirigente da empresa, Fabiano Silva, atribuiu o prejuízo a precarização sofrida com a tentativa de privatização no governo de Jair Bolsonaro.
“Os Correios foram preparados para ser privatizados. Os Correios foram sucateados. Não se tinha investimento em tecnologias. A gente tem grandes empresas que investem em robotização das operações, que investem em modernização do seu parque tecnológico e isso é vital para uma empresa como os Correios. Então esse sucateamento é um preço muito alto que a empresa faz. E, isso sim, nós estamos trabalhando com muita dedicação para inovar”, afirmou Fabiano.
O presidente do sindicato, Elias Diviza, que assina a carta, culpa o atraso nos pagamentos à centralização de todos os serviços de RH (Recursos Humanos) em Minas Gerais, que, segundo ele, “bagunçou todo o sistema”.
Diviza, que também informou que os salários começaram a ser pagos na terça-feira (4), explicou que os Correios têm 85.000 empregados diretos e que antes, havia três sedes de RH. “Os dois estados com mais funcionários, São Paulo e Rio de Janeiro, tinham suas sedes próprias. E Minas cuidava do resto do país. Agora, centralizou”, disse.
“Deram a explicação de que houve falha no sistema do RH. Já tivemos esse mesmo problema com o tíquete. É falta de planejamento e gestão. Tem que voltar a ter RH em São Paulo e Rio”, disse.