Alta dos juros, entre outros fatores, contribuiu com os números negativos do último mês do ano passado. Desempenho da indústria também é bem inferior aos setores de Serviços e Comércio em 2024
Na última semana, o Ministério do Trabalho e Emprego registrou um saldo positivo de 1,69 milhão de vagas formais de trabalho em 2024, apurado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), uma alta de 16,5% em relação a 2023, quando a economia brasileira gerou 1,4 milhão de empregos com carteira assinada. O ministro Luiz Marinho atribuiu o movimento às políticas econômicas implementadas pelo governo.
De acordo com o Caged, o Brasil contabilizou 25,6 milhões de contratações e 23,9 milhões de demissões no ano passado.
No entanto, quando se verifica o resultado em dezembro do mesmo ano, o resultado é negativo, isto é, houve mais demissões do que admissões, o que é considerado normal para o período, no entanto, o próprio governo esperava um número inferior a 500 mil e o resultado foi superior: 535,5 mil a menos de postos de trabalho.
O saldo negativo registrado em dezembro, inesperado para o próprio governo, indica um sinal de desaceleração da economia, o que certamente será confirmado, ou não, nos números dos primeiros meses de 2025.
Veja, mês a mês, a variação do saldo de admissões e demissões em 2024:
• Janeiro: 172.247
• Fevereiro: 305.297
• Março: 244.224
• Abril: 238.764
• Maio: 139.297
• Junho: 206.159
• Julho: 191.691
• Agosto: 239.436
• Setembro: 252.528
• Outubro: 132.717
• Novembro: 106.860
• Dezembro: – 535.547
O fato positivo é que o saldo voltou a subir após duas desacelerações seguidas, verificadas em 2022 e 2023. Veja os números.
• 2024: 1,7 milhão
• 2023: 1,4 milhão
• 2022: 2 milhões
• 2021: 2,7 milhões
• 2020: -191,9 mil
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ao anunciar os números do Caged, avaliou que o patamar elevado da taxa básica de juros afetou o saldo de empregos de dezembro, que veio acima da expectativa.
De acordo com ele, a pasta esperava um resultado negativo abaixo de 500 mil postos de trabalhos fechados. No mês, o saldo fechou em negativo em 535.547.
“Não dá para bater o martelo e sacramentar que foi os juros que causou isso. […] É possível que tenha acontecido. Historicamente, a gente esperava 450 mil, que não ultrapasse 500 mil. Passou. Pode ter influência dos juros? Claro que pode ter influência dos juros. Isso é responsabilidade do Banco Central”, argumentou.
Indústria ainda não sentiu a retomada
Outro sinal da desaceleração pode ser verificado quando verificado o desempenho de cada um dos cinco principais grupos de trabalho que registraram saldo positivo de postos de trabalho em 2024. Vê-se, claramente, que a indústria, setor mais dinâmico da economia, foi a que menos gerou postos de trabalho e ainda não sentiu a retomada do setor anunciado pela Nova Indústria Brasil, programa do governo federal.
O número de empregos gerados na Indústria foi bem inferior aos números dos setores de Serviços e Comércio. O segmento superou apenas os setores da Agropecuária, diante do crescente processo de mecanização da atividade, e da Construção, outro ramo específico da indústria. Veja os números:
• Serviços (929.002)
• Indústria (306.889)
• Comércio (336.110)
• Agropecuária (10.808)
• Construção (110.921)