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“Mas foram todos acolhidos, alimentados e passaram por tratamento hospitalar [no Brasil]”, declarou em coletiva à imprensa
O segundo avião com brasileiros deportados dos Estados Unidos chegou, nesta sexta-feira (7), ao Brasil, depois das críticas do governo do presidente Lula (PT) às autoridades estadunidenses pelo “tratamento degradante” a outro contingente de brasileiros expulsos no fim de janeiro daquele país.
O voo procedente da Louisiana aterrissou em Fortaleza, no Ceará, por volta das 16h15, com 111 passageiros.
Segundo Mitchelle Benevides Meira, secretária da Diversidade do governo do Estado do Ceará, algumas pessoas ficaram 12 horas sem comer. “Mas foram todos acolhidos, alimentados e passaram por tratamento hospitalar”, declarou em coletiva à imprensa.
“Eles estão saindo daqui sabendo que estão sendo repatriados e com o governo totalmente disposto a recebê-los da melhor forma”, completou.
SERÃO LEVADOS PARA BH
As autoridades brasileiras estimam que os 111 deportados esgotaram todos os recursos legais para permanecerem nos Estados Unidos. Está previsto que uma aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira) transporte os deportados para Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Este é o segundo voo com brasileiros deportados desde que Donald Trump (Republicano) anunciou a política raivosa de expulsão de imigrantes irregulares após assumir a Presidência do país, em 20 de janeiro.
O governo brasileiro disse, na quinta-feira (6), que o voo seria “objeto de avaliação com vistas à organização dos voos seguintes”.
“GRUPO DE TRABALHO” BRASIL – EUA
O Brasil formou esta semana “grupo de trabalho” com a embaixada dos Estados Unidos para garantir “o atendimento humanizado” dos deportados, informaram as autoridades.
A medida foi tomada depois que o governo brasileiro convocou o encarregado de negócios dos Estados Unidos no País para pedir explicações pelo “tratamento degradante” ao primeiro contingente de 88 expulsos em 26 de janeiro, que foram algemados durante a viagem.
A reclamação marcou o primeiro episódio de tensão entre os governos de Lula e Trump.
SEM “RELAÇÃO DIRETA”
Fonte do governo brasileiro explicou dias atrás à AFP (Agence France-Press) que essas deportações não têm “relação direta” com a operação contra imigrantes iniciada após a posse de Trump.
Os voos se inserem em outro contexto: trata-se de entendimento bilateral entre Brasil e Estados Unidos de 2017, que “continua em vigor” e já resultou em outras expulsões em anos anteriores, disse a fonte.
Segundo números da PF (Polícia Federal), 94 voos com mais de 7.500 deportados chegaram ao País procedentes dos Estados Unidos, entre 2020 e 2024.
ALGEMAS NAS MÃOS E NOS TORNOZELOS
Em 26 de janeiro, imagens da televisão brasileira mostraram alguns passageiros desembarcando na cidade de Manaus, no Estado do Amazonas, com algemas nas mãos e correntes nos tornozelos.
O Brasil reclamou então aos Estados Unidos pelo “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.
“Quando o avião abre a porta, eles [os deportados] estão submetidos à legislação brasileira, e disso vamos cuidar com carinho”, disse Lula na última quarta-feira (5).
“IMIGRANTES ILEGAIS”
“Ilegais”, “criminosos” e “delinquentes” são apenas alguns dos adjetivos utilizados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para caracterizar migrantes sem documentação que estão no país, em especial os oriundos de nações da América Latina.
Desde antes do início do governo de Trump, em 20 de janeiro, o mandatário republicano trabalhou em forte discurso anti-imigração. Em menos de 2 semanas à frente da Casa Branca, Trump anunciou diversas políticas para facilitar a deportação em massa, como prometido na campanha presidencial.
A organização MSF (Médicos Sem Fronteiras) do México, que atua na assistência médica, alimentar e psicológica de migrantes que estão nas rotas de trajeto em direção aos Estados Unidos resume as políticas adotadas por Trump em alguns pontos principais:
• Declaração de emergência na fronteira Sul, que implica na militarização da região e mudanças no processo imigratório;
• Suspensão temporária para receber refugiados nos EUA;
• Restabelecimento da política “Fique no México”; e
• Suspensão do aplicativo CBP One, única forma de solicitar asilo no país.