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O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy teve implantada uma tornozeleira eletrônica nesta sexta-feira (7), após a condenação a um ano de prisão por corrupção e tráfico de influência.
Condenado em 2021 a três anos de prisão, ele conseguiu atenuar a pena em recurso feito à Suprema Corte. Dois anos de prisão foram retirados da sentença, e no restante do tempo usará uma tornozeleira de monitoramento. A sentença também determinou que o ex-presidente francês perca os direitos políticos durante três anos.
Sarkozy, que foi presidente da França entre 2007 e 2012, foi considerado culpado de selar um “pacto de corrupção” em 2014 com seu advogado, Thierry Herzog, e o ex-magistrado Gilbert Azibert que recebeu em troca a promessa de obter uma posição de prestígio em Mônaco. O objetivo era obter informações privilegiadas sobre um caso judicial envolvendo doações ilegais ao seu partido.
Nicolas Sarkozy, Gilbert Azibert e Thierry Herzog foram todos condenados à mesma pena. O advogado (que também foi condenado à proibição de exercer a advocacia, o que significou aposentadoria antecipada) e o magistrado também terão que usar tornozeleira.
A condenação de Sarkozy marca um momento histórico para a Justiça francesa, sendo a primeira vez que um ex-chefe de Estado é punido com tornozeleira eletrônica.
Em maio de 2023, Sarkozy foi inicialmente condenado a três anos de prisão, com um ano passível de cumprimento sob monitoramento eletrônico. Agora, com a decisão final do tribunal, ele não pode mais recorrer na justiça francesa, pois o recurso não tem efeito suspensivo.
ABUSO DE INCAPAZ
Tem vários processos que foram abafados, um deles em que Sarkozy foi acusado de “abuso de incapaz” por ter se aproveitado da senilidade de Liliane Bettencourt, herdeira da multinacional francesa de cosméticos L’Oreal, que sofria de Alzheimer, para arrancar 800.000 euros (R$4.797.313) para sua campanha eleitoral de 2007. Do qual acabou escapando por “falta de provas”.
O “caso Bettencourt” teve enorme repercussão na França, em meio à disputa da filha da octogenária para interditá-la e à divulgação de dezenas de horas de gravações na mansão feitas por um mordomo. Outra figura central na trama foi o “faz-tudo” de Sarkozy – como descreveu Le Journal du Dimanche -, o tesoureiro do partido de direita UMP, Eric Woerth, cuja mulher fazia parte da equipe que cuidava do dinheiro da bilionária.
Além de tesoureiro do partido de Sarkozy, Woerth era o ministro do Trabalho encarregado de enfiar goela abaixo dos franceses a malsinada reforma da Previdência que aumentava a idade da aposentadoria e, com o escândalo, teve que se demitir.
Três vezes por semana, o ex-presidente vai ao Tribunal de Paris, onde é julgado desde 6 de janeiro e cujos trabalhos se estenderão até 10 de abril, em plena avaliação dos processos em curso.