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A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou, nesta sexta-feira (7), a identificação da 268ª vítima do crime ambiental provocado pela Vale,em Brumadinho (MG), há 6 anos. Os restos mortais da corretora de imóveis Maria de Lurdes da Costa Bueno foram encontrados na manhã desta quinta-feira (06).
Os corpos de duas pessoas que perderam a vida no episódio, Tiago Tadeu Mendes da Silva e Nathália de Oliveira Porto Araújo, ainda estão desaparecidos.As buscas pelas vítimas são conduzidas pelo Corpo de Bombeiros que prometeu manter os trabalhos até a identificação de todos os mortos.
Maria de Lurdes tinha 59 anos, era moradora de São José do Rio Pardo (SP) e estava em viagem com a família para visitar o Instituto Inhotim. A Pousada Nova Estância, onde ele se hospdeva, foi engolida pelos rejeitos.
De acordo com informações da Agência Brasil, também estavam na viagem seu marido, Adriano Ribeiro da Silva, sua enteada, Camila Taliberti, e seu enteado, Luiz Taliberti, que estava também acompanhado de sua mulher Fernanda Damian, grávida de cinco meses. Todos perderam a vida no episódio.
Em homenagem a Camila e Luiz, amigos e familiares fundaram o Instituto Camila e Luiz Taliberti (ICLT). Sediado em São Paulo e presidido pela mãe dos dois irmãos, Helena Taliberti, a entidade tem como objetivo a defesa dos direitos humanos e atua ao lado da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum) na preservação da memória e na cobrança por respostas para a tragédia em Brumadinho.
A barragem integrava um complexo minerário da Vale na cidade de Brumadinho (MG). O colapso da estrutura no dia 25 de janeiro de 2019 liberou uma avalanche de rejeitos que deixou 270 pessoas soterradas. A maioria eram trabalhadores da própria mineradora ou de empresas terceirizadas que atuavam na mina.
A Avabrum contabiliza 272 vidas perdidas, considerando os bebês de duas mulheres que estavam grávidas. O episódio resultou ainda na destruição de comunidades e na degradação ambiental da bacia do Rio Paraopeba. Em suas redes sociais, a Avabrum afirmou que “a luta por justiça, encontro, memória, não repetição e direito dos familiares não pode parar!”.
6 ANOS DE IMPUNIDADE
Mesmo diante de tantas mortes, até hoje ninguém foi preso pelo rompimento da barragem. O processo criminal, inicialmente admitido na Justiça estadual, foi federalizado e atualmente está correndo o prazo para que os réus apresentem a defesa.
Dezesseis pessoas haviam sido denunciadas, entre nomes associados à Vale e também à Tüv Süd, consultoria alemã que assinou o laudo de estabilidade da barragem. No entanto, o ex-presidente da mineradora, Fábio Schvartsman, obteve no ano passado um habeas corpus e deixou a condição de réu.
O rompimento provocou danos imensuráveis na dinâmica social, econômica e ambiental da região afetada, com efeitos vão da dispersão e deslocamento de famílias às questões de saúde mental; dos problemas de infraestrutura para acesso à água à dificuldade de abastecimento de alimentos; da destruição de espaços e lugares simbólicos, tradicionais e/ou religiosos das comunidades à destruição do patrimônio imaterial, da identidade e das manifestações culturais – como foi o caso de Inhotim, o maior centro de arte ao ar livre da América Latina.
Outros impactos na economia: no comércio, indústria e arranjos produtivos locais. Há, ainda, o impacto gerado pela reconstrução das cidades, com a poeira gerada pelas obras, a movimentação anormal de pessoas e veículos, as desapropriações necessárias, que promovem mais mudanças e deslocamentos das famílias
Ainda assim, ninguém foi responsabilizado pelo maior crime ambiental de nossa história.