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Presidente ironizou ao dizer que governar para poucos não gera déficit: ‘Dinheiro tem, só a gente dizer onde tem que colocar’. Só em 2024, o pagamento de juros da dívida pública foi de R$ 950 bi, quase R$ 1 trilhão sangrando os cofres públicos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de forma indireta, admitiu que o “déficit fiscal”, tão combatido pelo “mercado”, a “famosa” Faria Lima, e seus tentáculos na grande imprensa, só existe quando se governa para muitos. Governar apenas para 35% da população não traria déficit fiscal, diz Lula: ‘Dinheiro tem, só a gente dizer onde tem que colocar’, afirmou o presidente.
Declaração foi dada durante cerimônia de entrega do Prêmio Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização.
“Tem gente que acha que este país tinha que ser governado apenas para 35% da população. Apenas para 35% da população. Aí a gente não tinha problema de Orçamento. A gente não teria problema de déficit fiscal, porque é governar para menos gente, e gente com mais dinheiro”, afirmou.
Lula acrescentou que, quando se trata de educação, não se deve haver veto ideológico, partidário, religioso ou de gênero. “O que importa saber é que estão na escola crianças brasileiras que precisam de ajuda”, completou.
A declaração foi uma indireta aos críticos das contas públicas do governo, que vivem se alarmando com os déficits primários – não com o déficit nominal monumental provocado pelas altas taxas de juros, é claro – decorrentes de gastos sociais, como os destinados à educação, por exemplo, e aos investimentos públicos.
O presidente lembrou, ainda, o pensamento corrente no país de que se deve governar apenas para a parcela mais rica da população. Dessa maneira, segundo Lula, o país não tem déficit fiscal, já que o governo estaria gastando apenas com uns poucos “ricos”.
Segundo os arautos do financismo, sempre prontos a condenar todo e qualquer centavo que o governo coloca nos programas sociais ou nos investimentos públicos, para gerar a economia necessária à rolagem da dívida pública, que já alcança, só de juros, a cifra astronômica de quase R$ 1 trilhão ao ano, é preciso economizar para garantir a ciranda financeira, ancorada, hoje, pelos juros mais altos do mundo – 13,25%, conforme determinou o Copom do Banco Central em sua última reunião.
Só em 2024, o pagamento de juros da dívida pública foi de R$ 950 bilhões, quase R$ 1 trilhão, sangrando os cofres públicos.
Lula tem reiterado ao longo de seu governo que gastos em áreas como educação, saúde, entre outras, não são gastos, mas, sim, investimentos. Ele discursou nesta segunda em um evento para entrega de premiações na educação.
“Muitos governantes achavam isso natural [desistências de alunos no ensino médio]. Porque esse país tem gente que acha que esse país tinha que ser governado apenas para 35% da população. Apenas para 35% da população, a gente não tinha problema de Orçamento. A gente não teria problema de déficit fiscal, porque é governar para menos gente, e gente com mais dinheiro”, argumentou o presidente.
Lula disse que “cabe à área econômica pregar a austeridade, enquanto cabe a cada ministério cobrar recursos para suas áreas”, e que a palavra final sempre será do presidente. “Enquanto eu for presidente, não vai faltar recursos para recuperar a educação desse país”, disse, reconhecendo que, no momento, a área econômica do governo é movida pela lógica da “austeridade”, o que explica os conflitos permanentes com as outras áreas de sua gestão e as crescentes, urgentes e inadiáveis demandas da sociedade brasileira.
O presidente falou, também, que é preciso que as três esferas de governo, federal, estadual e municipal, tenham consciência da importância de alfabetizar as crianças na idade correta e que isso não foi feito durante os governos anteriores.
“Não é porque esse país não tinha dinheiro, não é porque este país era pobre, é que este país não tinha vergonha para cuidar de todas as pessoas”, afirmou.
PRÊMIO SELO NACIONAL COMPROMISSO COM A ALFABETIZAÇÃO
O Prêmio Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização integra o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), reconhecendo iniciativas bem-sucedidas de gestão das secretarias de educação dos estados, do Distrito Federal e dos municípios na implementação de políticas, programas e estratégias que assegurem o direito à alfabetização das crianças.
No total, 4.187 municípios receberam o selo: 2.592 na categoria ouro, 1.062 na categoria prata e 533 na categoria bronze.
Com o Selo Ouro foram contemplados os seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Tocantins, além do Distrito Federal.
Já o Selo Prata foi entregue para os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Já o Selo Bronze foi para Alagoas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O Ministério da Educação, para fazer as avaliações, instituiu uma comissão responsável pela análise das iniciativas e pelo processo de classificação. Para estados e o Distrito Federal, foram estabelecidos 21 parâmetros. Para os municípios, 20. Foram organizados em cinco dimensões: ações de integração; institucionalização da política de alfabetização no território; implementação da política de alfabetização; ações de formação docente e distribuição de material didático.
O governo tem a meta de assegurar, até 2030, a alfabetização de 80% das crianças até o final do 2º ano do ensino fundamental.