O ministro da Defesa, José Múcio, disse que as Forças Armadas não têm “dinheiro para absolutamente nada” e seu investimento em relação ao PIB do país “talvez seja o menor da América do Sul”.
“A despesa nossa [da Defesa] é 1,1% do PIB. Para você ter uma ideia, a Justiça é 1,6%. Disso, 80% é folha [salarial]. Eu não sei como nós sobrevivemos, talvez seja o menor [orçamento] da América do Sul”, disse o ministro.
“A Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] recomenda que, para um país normal e sem conflito, que seja 2% do PIB”, explicou.
José Múcio participou, na segunda-feira (10), do programa Roda Viva, da TV Cultura, e comentou que com o atual investimento do Brasil em Defesa a área não tem “dinheiro para absolutamente nada”
“Como a Defesa é uma pasta que não dá voto, nenhum senador ou deputado põe emenda. Se vai comprar um submarino, são 700 milhões de euros, se vai comprar um [caça] Gripen são US$ 100 milhões e precisa de uns 30. Dinheiro pouco lá [na Defesa] não faz absolutamente nada”, comentou.
Múcio citou os programas federais de desenvolvimento de submarinos, de compra de caças e de defesa cibernética, todos criados nos governos Lula, “mas agora o dinheiro acabou e a gente fica faltando dinheiro absolutamente para tudo”.
“As Forças pararam? Não. Tinham 20 mil soldados do Exército no Rio Grande do Sul 10 horas depois que começou o acidente. Tinha 3 mil no Pantanal, não sei quantos mil no Amazonas”, falou.
“Nosso contingente é pequeno, mas pequeno mesmo é o nosso investimento”, enfatizou o ministro.
Tentando realizar a política de “déficit zero”, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem pressionado para que a Defesa, que perdeu, desde 2014, quase 50% de seu orçamento, faça cortes em seus gastos e investimentos.
Ainda na entrevista, José Múcio comentou que os “militares não aderiram ao golpe” tentado por Jair Bolsonaro para manter-se no poder.
“Para os militares, a melhor coisa que vai acontecer, por maior que seja o constrangimento, é que os culpados verdadeiros sejam identificados e punidos”, disse.
