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A elevação das tarifas de importação de aço e alumínio decretada por Trump está gerando “muito custo e muito caos”, reagiu o executivo da Ford, Jim Farley, apontando para um cenário de tremenda “incerteza política”. As declarações de Farley mostram a contradição entre o efeito desejado por Trump de que as tarifas viriam em benefício da indústria local quando o efeito que se prenuncia é o oposto.
Antes das declarações de Farley, os decretos de Trump já haviam recebido a repulsa dos governos do Canadá, Brasil e México, que preveem o impacto negativo dessas medidas sobre a produção siderúrgica local.
“Hoje estou simplificando nossas tarifas sobre aço e alumínio: é 25% sem exceções ou isenções. A nossa nação precisa que aço e alumínio sejam produzidos nos Estados Unidos, não em terras estrangeiras”, afirmou o presidente norte-americano Donald Trump na segunda-feira (10), anunciando a sobretaxa dos dois produtos. Na prática, rompeu de forma unilateral acordos que tinham sido assinados desde 2018 com inúmeros países, institucionalizando a desordem econômica e social. Uma única exceção foi cogitada para a Austrália, devido ao superávit comercial obtido pelos EUA.
As duas ordens executivas vão funcionar como um imposto sobre a importação, impactando gravemente a produção siderúrgica de países como Canadá, Brasil e México, o que multiplicará de cara as demissões no setor. Seria uma forma de imposto sobre as importações, que também traria expressiva – e imediata – elevação dos preços.
O Canadá foi o maior exportador de aço para os EUA em 2024, com mais de 6,5 milhões de toneladas, seguido pelo Brasil (4,1 milhões), México (3,2), conforme o Departamento de Estado norte-americano.
Como um dos principais exportadores de alumínio para os EUA, responsável por 62% das vendas do metal ao mercado americano, a Argentina também sentirá o expressivo rombo no caixa, já que no ano passado as exportações de alumínio e produtos manufaturados para o país somaram cerca de US$ 500 milhões. No caso de aço e seus produtos manufaturados, foram cerca de US$ 100 milhões, mostrando que Trump não poupou nem o governo dirigido por seu maior bajulador entre os chefes de governo latino-americanos.
Reportagem da BBC aponta que “os EUA são, de longe, o maior mercado para produtos siderúrgicos do Brasil”, exportando para os Estados Unidos 12 vezes mais do que para a Europa e seis vezes mais do que para a América Latina.
Jim Farley explicou ainda que a Ford compra a maioria dos dois metais de empresas americanas, mas devido a esses fornecedores terem fontes internacionais sofrerão uma alta no preço dos produtos. “Esse preço vai aparecer, e pode haver uma parte especulativa do mercado onde os preços sobem porque há até rumores sobre tarifas”, sentiu-se na necessidade de alertar.
Segundo o representante da Ford, apesar de Trump falar muito sobre o fortalecimento da indústria automobilística dos EUA, “trazendo mais produção para cá, mais inovação”, com “conquistas marcantes”, “até agora o que estamos vendo é muito custo e muito caos”.