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Ibama continua fazendo o “lenga-lenga” denunciado pelo presidente, pois já recebeu a solicitação de autorização da Petrobrás, mas continua dizendo que não tem prazo para responder
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em evento ocorrido no Amapá, nesta quinta-feira (13), afirmou que “ninguém pode proibir” a pesquisa para apurar se há ou não petróleo na região da Foz do Amazonas.
O presidente assegurou que seu governo não fará “nenhuma loucura ambiental”, afirmou, numa crítica indireta aos que, no governo ou fora dele, acusam pressões para facilitar a exploração do petróleo na região, algo que já é feito por outros países nas áreas que estão sob sua jurisdição.
“Ninguém pode proibir a gente de pesquisar para saber o tamanho da riqueza que a gente tem, ninguém pode. Vamos trabalhar muito. Quero que o governador saiba, que os senadores saibam, que a gente não vai fazer nenhuma loucura ambiental, mas a gente tem que estudar, a gente tem que assumir compromisso de que a gente vai ser muito responsável”, argumentou Lula.
O presidente acrescentou também que seu governo será “muito responsável” na condução desse processo, e garantiu: “A gente não quer poluir um milímetro de água, mas também ninguém pode proibir que a gente deixe o Amapá pobre [rico] se tiver petróleo aqui no Amapá. É apenas uma questão de bom senso”.
“Aí, tem gente que fala: ‘mas presidente vai ter a COP aqui, vai ser muito ruim’. Vê se os Estados Unidos estão preocupados, vê se a França, a Alemanha, a Inglaterra estão preocupados. Não, eles exploram o quanto puder. É a Inglaterra que está na Guiana, a França que está aqui no Suriname. Então, só a gente vai ter que comer pão e água? Não, a gente também gosta de pão com mortadela, a gente também gosta de coisa boa”, enfatizou.
Os argumentos do presidente foram apresentados em uma entrevista que havia concedido a uma emissora de rádio do Amapá, quando condenou o que chamou de “lenga-lenga” do Ibama para liberação da pesquisa na região da Margem Equatorial, criticada por setores ambientalistas. O estado do Amapá fica localizado na área a ser explorada.
“Eu acho que um dia a gente não vai precisar de combustível fóssil, mas esse dia está longe ainda. A humanidade vai precisar muito tempo. Tem gente que fala que não pode pesquisar a Margem Equatorial para saber se a gente tem petróleo”, asseverou Lula na ocasião.
O presidente disse, ainda, na mesma entrevista, que pretende “preservar, mas eu não posso deixar uma riqueza que a gente não sabe se tem e quanto é, a 2 mil metros de profundidade, enquanto Suriname e Guiana estão ficando ricos as custas do que tem a 50 quilômetros de nós”, lembrou.
PETROBRAS JÁ SOLICITOU A AUTORIZAÇÃO AO IBAMA
A insistência do presidente Lula no tratamento da questão tem fundamento, em que pese o incômodo de dirigentes do Ibama, provavelmente, por uma visão restrita do problema, avessa ou, até, muito distante de uma consciência do que representará a exploração dessa riqueza para o desenvolvimento econômico e social da região e do País.
Tanto é que, ainda nesta quarta (12), o Ibama informou que o pedido da Petrobras ainda está em análise pela equipe técnica do órgão e que não há prazo para uma resposta, ou seja, o que demonstra uma ausência de compromisso com o que pode representar a exploração do petróleo na Margem Equatorial, enquanto outros países, como destacou Lula, continuam se beneficiando dessa riqueza.
A Petrobras já solicitou há tempos ao Ibama a autorização para pesquisar se há petróleo na Foz do Amazonas, incluindo a operação ao norte da costa brasileira no seu planejamento estratégico. A Margem Equatorial se estende pela costa do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.
Um dos focos é na região da Foz do Amazonas, onde a estatal possui projeto para perfuração de poço a cerca de 170 km da costa do Amapá e a 2.880 metros de profundidade.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), eleito pelo Amapá – como todos eleitos pelos estados da região – defende a exploração de petróleo na região e tratou do assunto em audiência recente com Lula.
MAC