O novo vice-presidente do Banco Central do México, Jonathan Heath, afirmou que “é factível duplicar o salário mínimo” e que tornou-se um “imperativo moral” lutar contra a violenta perda do poder aquisitivo dos trabalhadores, mantido por debaixo da linha da pobreza nas últimas décadas. Da mesma forma, acrescentou, “a meta de crescimento do país deve estar em torno de 4% e, num momento dado, deve ser inclusive mais”.
De acordo com o economista, que assumirá seu posto no próximo primeiro de janeiro, “até princípios dos anos noventa, o salário mínimo era um instrumento para tratar de reduzir a inflação”, com “uma grande quantidade de preços indexados a ele”. Isso mudou, já não há um vínculo, avalia Jonathan, para quem é preciso deixar de lado o discurso e a prática conservadoras na questão salarial.
“Eu vejo alcançável e possível” a duplicação, reiterou o economista, lembrando que “temos uma Constituição que diz que o mínimo deve ser digno e não se pode ignorá-la, como se vem fazendo há anos. Precisamos respeitá-la”. “Esta é uma meta para ser alcançada em dois ou três anos”, frisou.
Jonathan lembrou que “não somente o salário mínimo está por debaixo dos outros países da região – uma das mais pobres do mundo – como também o salário médio”. “Parte da falta de crescimento econômico tem a ver com o fato de termos um poder aquisitivo muito baixo. Não sou especialista, mas talvez devêssemos estudar o modelo chinês: como se passou de uma economia agrícola, de subsistência, a uma economia manufatureira com salários miseráveis e, depois, a uma economia que paga um salário médio superior ao do México”.
As declarações do novo presidente do México, López Obrador, de que o país está vivendo os efeitos de uma “quebradeira moral”, na opinião do economista, dizem respeito “aos últimos 30 anos, desde que existe o modelo neoliberal, que não deu resultados”. Se trata mais especificamente, frisou, de um “capitalismo de compadres, corrupção e falta de Estado de direito”.