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E que deu a ordem para falsificar cartões de vacinação
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, contou em sua colaboração premiada que entregou pessoalmente para o ex-presidente em mãos US$ 18 mil (mais de R$ 100 mil) da venda de relógios e joias que desviaram da Presidência.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) por ter organizado um golpe de estado. O órgão ainda não apresentou as denúncias nos casos do roubo de joias e de fraude nos cartões de vacinação.
Cid contou que, em 2022, quando Bolsonaro ainda era presidente, ele foi o responsável por entregar a Jair esse dinheiro, que era referente à venda, nos Estados Unidos, de joias da marca de luxo Chopard.
As joias foram um presente da Arábia Saudita à Presidência do Brasil e não podiam ter sido apropriadas por Bolsonaro.
Outros US$ 68 mil (R$ 387 mil) da venda de relógios Rolex e Patek Philippe foram entregues de forma fracionada a Bolsonaro pelo general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens.
Nos depoimentos, que foram tornados públicos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira (19), Mauro Cid contou que tudo foi combinado diretamente com Jair Bolsonaro. Em 2021, o então presidente o mostrou os relógios e, no ano seguinte, pediu que fossem vendidos para pagar multas de processos em que fora condenado.
Das vendas, US$ 68 mil foram direto para a conta do general Mauro Lourena Cid, enquanto os outros US$ 18 mil foram “em espécie” e “sem emissão de nota”, contou Cid.
O depoimento registra que “ao retornar ao Brasil [Mauro Cid] entregou os US$ 18 mil ao ex-presidente Jair Bolsonaro; que apenas retirou os custos que teve com passagem aérea e aluguel do veículo”.
Mauro Cid combinou com seu pai “que o saque dos US$ 68 mil ocorreria de forma fracionada e entregue à medida que alguém conhecido viajasse dos Estados Unidos ao Brasil; que o dinheiro seria entregue sempre em espécie de forma a evitar que circulasse no sistema bancário normal”.
Após ser revelado o escândalo do desvio de joias, o Tribunal de Contas da União (TCU) exigiu que Jair Bolsonaro devolvesse os relógios à Presidência. Nesse momento, seus assessores foram mobilizados para uma operação de “recompra”. Jair colocou até seu advogado, Frederick Wassef, para ir aos Estados Unidos obter de volta as joias que foram vendidas.
FALSIFICAÇÃO NO CARTÃO DE VACINAÇÃO
Mauro Cid falou em seu depoimento que foi Jair Bolsonaro, que nunca se vacinou contra Covid-19, quem pediu que o sistema do Ministério da Saúde fosse fraudado para que uma vacina constasse em seu cartão de vacinação.
O ajudante de ordens, em um primeiro momento, buscou sozinho um caminho para fraudar o cartão de sua esposa, Gabriela Cid, e suas filhas.
“O presidente [Bolsonaro] após saber que o colaborador [Mauro Cid] possuia os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o colaborador fizesse para ele também; que o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha, Laura Bolsonaro”, contou Mauro Cid.
Mauro Cid informou, ainda, que “imprimiu os certificados de vacina e entregou em mãos para o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
“O objetivo era ter o cartão falso para uma necessidade qualquer; que uma dessas necessidades seriam as viagens” para aos Estados Unidos no último dia de mandato, em 2022, contou o ex-ajudante de ordens.