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“O fato de estar vendendo produto em dólar que está alto, não significa que você tem que colocar no preço do brasileiro o mesmo preço que você exporta”, disse o presidente
O presidente Lula admitiu nesta quinta-feira (20) que os preços dos alimentos estão muito caros. Ele falou especificamente do preço do ovo. “Eu sei que o ovo está caro. Quando me disseram que está R$ 40 a caixa com 30 ovos, é um absurdo”, disse o presidente. A declaração foi dada durante entrevista à Rádio Tupi FM, do Rio de Janeiro.
“Vamos ter que fazer reunião com atacadistas para discutir como é que a gente pode trazer isso para baixo. O fato de estar vendendo produto em dólar que está alto, não significa que você tem que colocar no preço do brasileiro o mesmo preço que você exporta”, acrescentou o presidente.
“Quando se tem momentos como esse que estamos vivendo, não dá para controlar do dia para a noite. Mas pode ter certeza de que nós vamos trazer o preço para baixo”, destacou Lula.
O governo não anunciou medidas concretas para enfrentar a alta dos preços a não ser encontro com os empresários para “procurar soluções”. A falta de estoques reguladores e de normas limitando as exportações para garantia de abastecimento do mercado interno impedem o governo de interferir de forma efetiva na alta dos preços.
Na semana passada, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) alertou para o aumento expressivo no preço dos ovos de galinha repassado pelos fornecedores. “Desde a segunda quinzena de janeiro, a combinação de alta demanda e oferta restrita tem levado a reajustes significativos. Nesta semana, a elevação já chega a 40% em diversas regiões do país”, informou a associação.
Segundo os produtores, a alta recente representa uma “situação sazonal”, comum ao período pré e durante a quaresma, que acontece em abril. “Após longo período com preços em baixa, a comercialização de ovos aqueceu pela demanda natural da época, quando há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos”, afirmou a Associação brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A entidade informou que os custos de produção acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho, que é usado como ração para as galinhas, e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens.
Enquanto a inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fechou em 4,83% no ano passado – já acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional de 3% –, a inflação dos alimentos alcançou 7,69%.
Na entrevista, o presidente disse que o governo vai trabalhar para que os preços dos alimentos voltem “aos padrões do poder aquisitivo do trabalhador”.
“Por isso, temos que chamar os empresários para acharmos uma solução. Essa é uma discussão. Da mesma forma o óleo de soja, da mesma forma a carne. Carne começou a cair. Vai cair e pode ficar certo que o povo vai voltar a comer sua ‘picanhazinha’, costela, outro pedaço de carne que ele deseja”, prosseguiu Lula.