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O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio de sua superintendência em São Paulo, condenou publicamente o ocorrido na última quinta-feira (13/02), quando foram arbitrariamente demolidos os imóveis que abrigavam tanto o Teatro Vento Forte quanto a Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul. Os prédios estavam situados dentro do Parque do Povo, localizado no bairro do Itaim Bibi, Zona Oeste da capital paulista, e a demolição foi realizada de maneira desrespeitosa pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), em um ato que representa um ataque à cultura nacional e popular brasileira.
Diante da intensa discussão gerada pelo episódio entre diferentes setores da sociedade civil e do poder público, o Iphan informa que tem desempenhado um papel de mediação entre as partes envolvidas, incluindo o representante da escola, Mestre Meinha, e a SVMA. O objetivo é não apenas esclarecer as circunstâncias que levaram à ação de demolição, mas também buscar formas de reparação para os prejudicados.
Em relação à Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul e à tradicional Roda de Capoeira conduzida por Mestre Meinha, o Iphan reafirma seu compromisso institucional de proteger e salvaguardar as expressões culturais ligadas ao Ofício de Mestres e Mestras de Capoeira e à prática da Roda de Capoeira. Essas manifestações foram reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil desde 2008 e como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade em 2014.
“Nesse sentido, ainda que reconheça a necessidade de apuração e análise de como se deu a ação da Prefeitura Municipal de São Paulo, o Iphan alerta para o risco de grave dano a um patrimônio imaterial do País, haja vista a demolição dos imóveis ter se dado antes da retirada de documentos, fotografias, instrumentos e imagens sagradas que compunham o acervo de mais de 40 anos de atuação da Roda de Capoeira do Mestre Meinha, figura tida como importante detentor de saberes ligados à prática da Capoeira Angola na capital paulista.”
Dessa forma, ainda que a administração municipal já tenha se manifestado no sentido de disponibilizar um novo espaço para a prática da capoeira na cidade, o Iphan, além de lamentar profundamente o ocorrido, expressa seu firme repúdio ao ato brutal e injustificável da prefeitura, que desrespeitou e destruiu um importante símbolo da cultura popular e do patrimônio imaterial do Brasil.