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Uma jovem boliviana de 19 anos foi resgatada na tarde da última quinta-feira (20) da condição de trabalho análogo à escravidão, após passar seis meses em cárcere privado em um apartamento de luxo no condomínio Grand Panamby, no Morumbi, bairro nobre de São Paulo. Os criminosos foram identificados como Kátia Porcel e Eduardo Reis, uma médica pediatra boliviana e um dentista.
O Sindicato das Empregadas e Trabalhadoras Domésticas da Grande São Paulo (Sindoméstica) recebeu uma denúncia do grupo Conexão Babá. Janaína Souza, presidente do Sindoméstica, afirmou que a vítima recebeu somente o primeiro mês de salário, no valor de R$ 2 mil, e não possuía carteira assinada. De acordo com o relato da jovem ao sindicato, a empregadora teria dito que guardava o salário dos outros meses para, mais tarde, entregar a ela.
A vítima era proibida de entrar em contato com a própria família ou as outras babás do condomínio, não podia sair da propriedade, tendo autorização para ir às áreas comuns apenas quando estivesse acompanhada da criança. A moça sequer podia comer e beber água. “Quando [as babás] souberam da situação dela, começaram a auxiliar com alimentação, porque no imóvel ela não podia nem se alimentar e nem beber água”, disse Janaína.
Após o resgate, o casal foi levado para prestar depoimento no 89º Distrito Policial (DP) e, depois, lierado. Foi registrado um boletim de ocorrência não criminal.
Segundo a presidente do Sindoméstica, os responsáveis pelo crime ainda resistiram quando a entidade foi ao local retirar os pertences da jovem. “Só entregaram quando a gente falou que ia chamar a polícia novamente, porque era uma ordem que eles tinham da polícia de entregar os pertences dela”, afirmou ao Metrópoles.
A presidente do sindicato afirmou que a jovem sofria abusos psicológicos e fazia “absolutamente tudo” dentro da casa.