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Não faltou a própria estátua de ouro, que estaria sobre dezenas de milhares de cadáveres, no vídeo de sua megalomania para se juntar a Netanyahu na limpeza étnica
Delirante vídeo gerado por AI de exaltação à “Trump Gaza” – e, portanto, à limpeza étnica -, foi exposto pelo presidente dos EUA em sua rede Truth Social na noite de terça-feira (25), em que os 2,2 milhões de palestinos dão lugar à uma estátua gigante dourada do próprio Trump em meio a hotéis de luxo, com direito a aparição de Elon Musk comendo houmus e chuva de notas de dólares, Trump, de novo, agora curtindo uma piscina acompanhado pelo genocida Netanyahu de sunga e, sabe-se lá porque, até mesmo uma performance de dançarinas do ventre barbados.
Tal visualização feérica da “Riviera sobre cadáveres” não é apenas “bizarra”, como observaram alguns, mas um deboche cruel sobre as vítimas. Quando se está tratando de um lugar arrasado ao chão, em escombros, por bombas norte-americanas de 1 tonelada, com quase 50 mil mortos, na maioria crianças, mulheres e idosos, mais de 100 mil feridos e mutilados, e sob uma investigação de genocídio pela Corte Internacional de Justiça de Haia.
Uma autoincriminação, a exemplo de outras já agregadas aos autos da CIJ.
Os Estados Unidos “possuiriam” Gaza, disse Trump, como se a lei internacional fosse um detalhe, e os palestinos teriam de ir embora. A arte do acordo e das incorporações imobiliárias. O lucro Uber Alles.
No lugar da pobreza e destruição, insinua o vídeo, um futuro de luxo, devassidão e prosperidade, resorts de luxo e ostentação, ao ritmo de música eletrônica. “Donald está chegando para libertá-lo, trazendo a luz para todos verem, sem mais túneis, sem mais medo, Trump Gaza está finalmente aqui”, é a mensagem implícita.
A postagem também ocorre em meio a um momento extremamente tenso do cessar-fogo, e iminência de início da segunda fase das negociações sobre o futuro de Gaza, e com tanques israelenses invadindo a Cisjordânia e ameaças ao sul da Síria. E o mandado de prisão para Netanyahu continua sobre a mesa.
Como já dizia Garrincha, “já combinou com os russos?”. No caso, os árabes e muçulmanos e a Maioria Global, que exigem a retirada israelense de Gaza, a reconstrução, a solução dos Dois Estados, Estado Palestino Já, que rechaçam essa Nakba do século 21 e que acreditam que “nunca mais é para todos”.