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As perdas salariais ficaram por conta de reajustes de 73,3% “muito longe da taxa de inflação anual de 117,7% em 2024”, denunciou Rodolfo Aguiar, dirigente da Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE), que liderou protestos em todo o país
Milhares de servidores públicos argentinos voltaram a paralisar nesta quarta-feira (26) em protesto contra a “palhaçada” do presidente Javier Milei de afrontar o Acordo Coletivo de Trabalho e impor reajustes salariais de 73,3%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor medido pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos foi de 117,7%. Além do arrocho salarial com perda de 44,4%, denunciaram, o governo concedeu um reajuste insignificante de 1,5% e 1,2% nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, enquanto prossegue com sua política de demissões e cortes no orçamento.
“Não vamos aceitar que o custo fiscal da eliminação de impostos sobre a compra de carros de alto padrão seja compensado pelas nossas fontes de emprego, pelo fechamento de instituições ou pela privatização de empresas públicas”, afirmou o dirigente da ATE, Rodolfo Aguiar, que comandou a mobilização na capital federal, Buenos Aires, em frente à sede do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA).
Aguiar destacou que os servidores exigem “a imediata reintegração de todos os trabalhadores despedidos sem justa causa e a renovação automática dos mais de 50 mil vínculos laborais que expirem no final de fevereiro e março”. Também se opôs a “qualquer possibilidade de encerramento e fusão de instituições” no âmbito do plano de ajuste que o governo propôs a reforçar este ano. “Conseguimos fazer com que nos convocassem, é um primeiro passo. Agora temos que evitar que as negociações se tornem uma nova palhaçada”, ressaltou o sindicalista.
A ATE congrega funcionários públicos a nível nacional, estadual e municipal em empresas estatais e instituições autônomas, que manifestaram a sua determinação de confrontar Milei, “pois esta é a única possibilidade de frear um ajuste que destrói todo o tecido social e produtivo”.
“O governo procura ter impunidade contra atos de fraude e corrupção. Temos que colocar limites institucionais para Milei. A nomeação a dedo de juízes põe fim ao Estado de direito. Mais do que nunca, temos de exercer os nossos direitos constitucionais de greve e mobilização”, acrescentou, recordando a recente nomeação por decreto de Ariel Lijo e Manuel García Mansilla para o Supremo Tribunal de Justiça.
Em sintonia com a política de ajuste fiscal e déficit zero, o ministro da Desregulamentação e Transformação do Estado, Federico Sturzenegger, anunciou que entre dezembro de 2023 – quando Milei assumiu o cargo – e novembro passado, quase 36 mil funcionários públicos já foram para o olho da rua.