
A taxa média de juros no crédito livre (definida pelo mercado financeiro) subiu de 40,7% para 42,3% ao ano, entre dezembro e janeiro deste ano, conforme números divulgados pelo BC, na última quinta-feira (13).
Quando considerado o crédito livre às famílias, a taxa média de juros situa-se em 53,9% a.a., um aumento de 0,8 ponto percentual (p.p) em janeiro deste ano e 1,6 p.p em 12 meses. Para pessoa jurídica, a taxa média cobrada das empresas passou de 21,7% para 24,2%, sendo uma alta de 2,5 p.p no mês e 1,7 p.p em relação a janeiro do ano passado.
No mesmo período, o spread bancário, que mede a diferença entre as taxas que os bancos cobram nos empréstimos e o custo de captação desses recursos, subiu de 17,7 pontos em dezembro para 18,6 pontos percentuais em janeiro deste ano.
Pelo lado das operações de crédito com pessoas físicas, o spread ficou em 23 pontos percentuais, superando os 22,8 pontos registrados em dezembro de 2024. No crédito às empresas, ficou em 9,4 pontos em janeiro, contra 7,3 pontos no mês anterior.
Os juros aos tomadores de crédito voltaram a disparar no país puxados pelo novo ciclo de aumentos da taxa básica de juros (Selic), que entre setembro de 2024 e janeiro deste ano, teve o seu nível elevado em 2,75 pontos percentuais, de 10,5% para 13,25% ao ano, como resultado do conjunto de quatro decisões do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central. O mercado financeiro espera que a Selic atinja os 15% em dezembro deste ano.
De acordo com o BC, o crescimento no custo dos juros para as famílias foi impulsionado, principalmente, pelo aumento das taxas de crédito pessoal não consignado, ligado à composição de dívidas, que subiu 5,3 pontos percentuais, e pelas taxas de financiamento de veículos, que registraram alta de 2,0 pontos percentuais. Mas também com a maior participação relativa das operações de cartão de crédito rotativo na composição da taxa média de juros do segmento.
No crédito pessoal, por exemplo, a taxa média de juros chega a 100%, enquanto a taxa de juros do cartão de crédito rotativo variou de 451,6% ao ano em dezembro para 445,6% em janeiro deste ano, seguindo em patamares proibitivos – apesar de os bancos estarem proibidos de cobrar mais de 100% do valor da dívida original no rotativo do cartão de crédito, desde 3 de janeiro de 2024, pela Lei 14.690/2023.
Já no cheque especial das pessoas físicas, a taxa subiu de 134,8% ao ano, em dezembro de 2024, para 135,1% ao ano em janeiro. Desde 6 de janeiro de 2020, a taxa de juros do cheque especial não pode ultrapassar 8% ao mês, de acordo com o BC.
A inadimplência média da empresa e famílias (considerados os atrasos de dívidas superiores a 90 dias) nas operações de crédito de crédito livre subiu 0,3 p.p. no mês e recuou 0,2 p.p. em doze meses, ao atingir 4,4% da carteira.
No caso das famílias, a inadimplência das famílias aumentou de 5,2% para 5,5% na passagem de dezembro e janeiro deste ano. Para as empresas, a inadimplência subiu de 2,5% para 2,8%.
Conforme o BC ainda, “o endividamento das famílias situou-se em 48,3% em dezembro, permanecendo estável em relação ao mês anterior e crescendo 0,6 p.p. comparativamente a dezembro de 2023. O comprometimento de renda aumentou 0,5 p.p. no mês, alcançando 26,8%, maior nível desde outubro de 2023, interrompendo a trajetória decrescente iniciada em setembro de 2024. A variação em doze meses atingiu +0,9 p.p.”, afirma o BC, em nota.