
Juros elevados vem segurando a demanda e, consequentemente, a produção, alertam os empresários
O setor produtivo nacional está preocupado com a evolução da taxa básica de juros que, segundo empresários, tem prejudicado a demanda e a produção. A pesquisa Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) reflete este movimento: o índice que mede a evolução da produção recuou em fevereiro pelo quarto mês consecutivo.
Segundo a pesquisa da entidade divulgada na terça-feira (25), o índice de evolução recuou de 48,9 pontos em janeiro para 48 pontos em fevereiro. O índice, que varia de zero a cem, significa que menos de 50 pontos mostra queda.
Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, afirma que o desempenho de janeiro para fevereiro, “acende um sinal de alerta” para o setor. Segundo ele, o nível da atividade industrial caiu mais forte no mês.
“Os empresários estão preocupados com a evolução da taxa de juros, por exemplo. Segundo eles, isso vem segurando a demanda e, consequentemente, a produção”, avalia.
Na semana passada, o Banco Central elevou a taxa básica de juros (Selic) em mais um ponto percentual, para 14,25%. Em nota, o presidente da CNI, Ricardo Alban, alertou que os atuais juros reais (descontada a inflação) em 8,5%, “já tem impactado fortemente a economia, que apresenta desaceleração mais aguda do que a prevista, tanto pela CNI, como por diversos analistas econômicos”.
O índice de empregados na indústria cresceu de janeiro para fevereiro, depois de duas quedas consecutivas, passando de 49,6 pontos em janeiro, para 50,3 pontos em fevereiro. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI), outro item medido pela Sondagem Industrial, se manteve em 69% em fevereiro, mesmo índice de janeiro.
Já o índice de evolução do nível de estoques ficou em 49,4 pontos. “Apesar de estar numericamente acima do resultado observado em janeiro, quando registrou 49 pontos, o indicador continua abaixo da linha divisória de 50 pontos. Valores abaixo dessa linha significam que houve queda dos estoques em relação ao mês anterior”, explica a CNI em nota. O índice de estoque efetivo em relação ao planejado pelas empresas fechou fevereiro em 49,6 pontos.
Os índices de expectativa de março, também captados pela pesquisa, apontam que a intenção de investimento do empresário recuou 0,5 ponto, para 57,5 pontos, em março. Nos três primeiros meses do ano, o índice se mantém abaixo do patamar observado em dezembro do ano passado.