
O Itamaraty convocou o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, para cobrar explicações sobre a morte do brasileiro Walid Khaled Abdallah, de 17 anos, na prisão israelense de Megido.
Na última reunião, que ocorreu na segunda-feira (24), com o secretário de África e Oriente Médio, Carlos Duarte, Zonshine afirmou não ter informações sobre o que ocorreu com o jovem, que vivia na Cisjordânia.
O governo brasileiro considera que até o momento não houve uma resposta clara das autoridades israelenses sobre a morte do brasileiro na prisão. Um dia depois do encontro infrutífero com o embaixador israelense, o Itamaraty divulgou uma nota em que cobra que as investigações sejam realizadas de forma “célere e transparente”.
O jovem brasileiro morava na Cisjordânia e foi preso sem acusação pelo regime israelense em 30 de setembro de 2024 na região ocupada pelas forças de Israel. Ele foi levado para a prisão de Megido, em Israel, onde morreu. As circunstâncias em que ele foi assassinado ainda não foram esclarecidas.
Além da morte de Abdallah na prisão, outro assunto que está mobilizando o Itamaraty é a situação de outros onze brasileiros que estão presos. Eles também são residentes em território palestino, que estão encarcerados em campos de concentração em Israel. Como nos campos nazistas, a maioria das pessoas não foi acusada formalmente ou julgadas, o que viola o Direito Internacional Humanitário e mostra o caráter fascista do regime israelense.
Esses presos políticos têm dupla nacionalidade, uma incluindo a brasileira. Porém, o governo israelense trata esses cidadãos como palestinos. Em uma forma de protesto pelos ataques da ditadura israelense a civis na Faixa de Gaza, o governo do presidente Lula não autorizou que o diplomata Gali Dagan assuma a embaixada em Brasília. O pedido de “agrement” foi feito ao Brasil há cerca de dois meses.
Com a morte de Abdallah, não há perspectiva de quando Israel terá Dali Dagan como embaixador. Ele era embaixador de Israel na Colômbia até meados de 2024. Deixou o país após o presidente colombiano Gustavo Petro também criticar o regime de Netanyahu. O governo israelense rompeu relações com a Colômbia.
Em fevereiro do ano passado, o presidente Lula comparou as mortes de palestinos na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial. O regime de Israel desrespeitou na ocasião o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer. Além de repreender publicamente o embaixador brasileiro em um local público, o governo de Israel declarou Lula persona non grata.
Por determinação de Lula, o chanceler Mauro Vieira chamou Meyer de volta ao Brasil e convocou o chefe da representação de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, para explicações no Palácio do Itamaraty, no Rio. As duas medidas “diplomáticas”, tinham por objetivo demonstrar a insatisfação do governo brasileiro com as arbitrariedades israelenses. Desde então, o governo brasileiro não enviou um substituto de Meyer a Tel Aviv,