
Medida inclui instalação de escritório dentro do campus universitário, especializado em fichar estudantes detidos pelos agentes do apavoramento instituído pelo macartismo trumpista. O aparato é montado explicitamente para deter manifestações solidárias ao povo palestino
A Universidade de Columbia anunciou 36 agentes de patrulha especial que serão designados pelo Departamento de Polícia de Nova York (NYPD), com autoridade para realizar prisões dentro do campus.
Os agentes financiados pela instituição de ensino universitário não serão nem mesmo controlados pela casa de estudos, e estarão subordinados ao comissário de Polícia, conforme confirmado por porta-voz da escola.
A medida foi tomada com o objetivo claro de reprimir as manifestações estudantis em protesto contra o genocídio na Palestina cometido pelo governo de Netanyahu, quando seus estudantis se colocaram na vanguarda do movimento estudantil solidário ao povo palestino com jovens ocupando acampamentos durante vários dias, no que foi seguido por universidades de todo o país.
A genuflexão diante do macarthismo puxado pela Casa Branca se deu depois da determinação de Trump de cortar US$ 400 milhões, exigindo repressão aos movimentos solidários aos palestinos, que inapropriadamente chamou de “antissemitas”, sem apresentar qualquer comprovação à falsa acusação e ainda exigiu controle distorcido dos Departamentos que estudam o Oriente Médio no sentido de omitir a ação sionista de limpeza étnica contra as famílias, cidades de aldeias palestinas destruídas e obrigadas a êxodo desde a implantação do Estado de Israel.
Ao aderir explicitamente ao macartismo incitado por Trump, a porta-voz da universidade, Samantha Slater, afirmou que os oficiais de patrulha especial foram autorizados sob o código administrativo da cidade de Nova York, que afirma que eles estarão “sujeitos às ordens do comissário e devem obedecer às regras e regulamentos do departamento e conformar-se à sua disciplina geral”.
POLICIAIS FINANCIADOS PELA UNIVERSIDADE
Na manifestação lambe-botas do desvario trompista, acabando com a liberdade e autonomia universitárias, Slater enfatizou que os oficiais passam a ser funcionários de Columbia e pagos por ela. “Eles são contratados, selecionados, empregados e financiados por Columbia”, escreveu em um patético e-mail.
As pessoas que a polícia prender serão detidas e fichadas em um escritório montado dentro do campus de Columbia, cerca de 20 quarteirões ao norte da sede principal em Manhattan, até que possam ser entregues ao Distrito Policial, escancarou a direção da Universidade.
Um porta-voz da polícia de Nova York disse que os oficiais de patrulha estariam desarmados, mas se recusou a responder a outras perguntas feitas pela Agência Reuters em reportagem.
Depois de completar 162 horas de treinamento certificado pelo Estado, os oficiais poderão patrulhar os edifícios de Columbia, praças e gramados cercados onde, até aqui, os oficiais regulares do NYPD não podiam entrar e patrulhar.
Slater disse que os oficiais trabalharão com o escritório de segurança pública da universidade, mas – ao contrário dos 117 funcionários civis de segurança de Columbia – terão poderes para “remover indivíduos do campus, emitir citações e fazer prisões, se necessário e apropriado”. A lei estadual permite que os oficiais usem “força física e força física mortal ao fazer uma prisão ou prevenir uma fuga.”
TRUMP CANCELOU US$ 400 MILHÕES EM RECURSOS FEDERAIS
Em 2024, a Universidade de Columbia se tornou o epicentro de um movimento de protesto estudantil pró-palestino que agitou os campi ao redor do mundo e as mobilizações vêm se organizando e ampliando desde então.
No início de março, o governo de Donald Trump determinou o imediato cancelamento de US$ 400 milhões em recursos federais e contratos até aqui destinados à Universidade de Columbia alegando o suposto fracasso dela em “enfrentar a persistente agressão anti-semita no campus”.
E no movimento de crescente repressão ao movimento, o estudante de origem árabe, Mahmoud Khalil, que participou dos acampamentos solidários ao povo palestino sob ataque em Gaza e liderou as comissões que negociaram a permanência das concentrações na instituição, foi preso no apartamento onde está instalado dentro da Universidade, no dia 8 de março passado.