
Novo levantamento ouviu 3.054 eleitores em 172 cidades brasileiras entre 1º e 3 de abril. Margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou menos
Pesquisa Datafolha divulgada, nesta segunda-feira (7), mostra que 56% dos brasileiros são contra a anistia dos responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O estudo ainda aponta que 37% são a favor de anistiar os crimes cometidos, 6% disseram não saber e 2% disseram ser indiferentes.
O Datafolha ouviu 3.054 eleitores em 172 cidades brasileiras entre 1º e 3 de abril. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Segundo o instituto, quando questionados sobre o tempo ou tamanho das penas aplicadas aos condenados, 6% disseram que gostariam de ver as penas reduzidas, 34% consideram adequadas, e 25%, aumentadas.
Há 2 projetos de lei no Congresso. Um tramita na Câmara — PL 2.858/22 —, de autoria do ex-deputado bolsonarista Major Vitor Hugo (PL-GO). O outro é o PL 5.064/23, do senador bolsonarista Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República. Este não tem nenhuma condição de ser aprovado pela Casa.
PERDÃO AOS GOLPISTAS
Mais uma manifestação promovida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocorreu no domingo (6) na Avenida Paulista, em São Paulo. Na busca de impunidade, a pauta bolsonarista se concentra em pressionar a favor do projeto de lei da anistia para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Travado na Câmara dos Deputados desde o ano passado, o projeto que beneficia quem participou dos ataques na Praça dos Três Poderes, em Brasília, tem sido alvo de intensas investidas, que envolve a articulação de parlamentares da oposição.
Sem resposta definitiva do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre pautar o texto em plenário, a bancada do PL (Partido Liberal) tem ameaçado obstruir a pauta da Casa.
PROJETO SÓ DOS BOLSONARISTAS
Motta, porém, disse que não cederá às pressões e que discutirá o texto com os líderes partidários até o final deste mês. Hoje, a tendência é enviar o projeto à comissão especial, antes de pautá-la no plenário da Casa Legislativa.
Desde que assumiu a cadeira de presidente, a anistia tem sido uma das maiores cobranças direcionadas a ele. O receio da oposição é de que a recuperação da popularidade do presidente Lula (PT) possa enfraquecer o apoio à iniciativa no Poder Legislativo, dos bolsonaristas.
Num evento da Associação Comercial de São Paulo, nesta segunda-feira, o presidente da Câmara disse que não vai ficar restrito a “um só tema”, a anistia, como querem os bolsonaristas. “Vamos levar essa decisão ao colégio de líderes, vamos conversar com o Senado e com os poderes. Com o Judiciário e com o Executivo, para que uma solução de pacificação possa ser dada. Aumentando uma crise, não vamos resolver esses problemas, não embarcaremos nisso”, afirmou.
Ele declarou ser a favor de revisar as penas dos condenados do 8 de janeiro, mas enfatizou que não vai aumentar “a crise institucional que nós já estamos vivendo” colocando em pauta a impunidade dos criminosos golpistas com anistia.
PL DA ANISTIA NA CÂMARA
O projeto principal sobre a anistia perdoa quem praticou crimes políticos ou eleitorais, sendo manifestantes, caminhoneiros, empresários e todos os que tenham participado de manifestações nas rodovias nacionais, em frente às unidades militares ou em qualquer lugar do território nacional do dia 30 de outubro de 2022 ao dia de entrada em vigor desta proposição.
Na prática, o texto não beneficia Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030, mas a intenção da oposição é que o perdão se estenda ao ex-chefe do Executivo, para que ele retome a elegibilidade e possa disputar as eleições no próximo ano. Ou seja, o objetivo dos bolsonaristas é beneficiar o ex-presidente.
Na CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) da Câmara, o relator Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) fez mudanças e defendeu a anistia de todos que participaram de eventos anteriores ou subsequentes aos atos de 8 de janeiro de 2023, desde que tivessem relação com o perdão aos condenados desta data.