A Confederação Nacional da Indústria (CNI), sindicato patronal do setor industrial brasileiro, desmente em pesquisa a suposta “recuperação econômica” da qual o governo Temer se aproveita para fazer um balanço positivo da sua gestão.
Divulgada nesta terça-feira (23), a pesquisa mensal Sondagem Industrial realizada por amostra de 2.190 empresas de grande, médio e pequeno porte aponta que em setembro tanto os níveis de produção quanto de emprego caíram na comparação com o mês anterior, assim como sobre o mesmo mês do ano passado.
Os índices que medem a evolução tanto de um como de outro estiveram abaixo dos 50 pontos – que segundo a metodologia da entidade, representa queda.
Para a produção, o esquema de pontuação da CNI mediu a atividade industrial em 47,2 pontos em setembro. Em agosto, esse mesmo índice estava em 54,1 pontos o que indica uma queda intensa apenas na passagem de um mês para o outro. Em setembro de 2017, estava em 48,1 pontos.
“A demanda fraca e a fragilidade financeira das empresas dificultam a recuperação da indústria”, afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo, completando que qualquer expectativa de melhora da demanda só poderá vir da demanda do mercado externo.
O emprego nas indústrias brasileiras também padece de acordo com a pesquisa, contribuindo para a formação da legião de desempregados e subempregados no Brasil, estimada em 27,5 milhões de pessoas de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Neste caso, o indicador para emprego oscilou de 49,1 pontos em agosto para 49,2 pontos em setembro. Como abaixo da linha divisória dos 50 pontos, representa retração do mercado de trabalho no setor. Em setembro do ano passado, o índice era de 49,0 pontos – ou seja, nada foi recuperado em um período de 12 meses.
A pesquisa confirma os últimos dados de agosto divulgados pelo IBGE, que apontaram retração da produção industrial de -0,3% em agosto.
A queda foi puxada pelo principal estado da Federação, São Paulo, que registrou recuo de 0,9% no período. No emprego, em setembro, a variação no setor foi de 0,01% no estado.
Nos demais estados industriais, os resultados da produção foram semelhantes: Rio de Janeiro (-0,3%), Santa Catarina (-0,7%), Espírito Santo (-0,9%), Pará (-1,1%) e Amazonas (-5,3%).
OCIOSIDADE
As indústrias brasileiras operaram em setembro com apenas 68% da sua capacidade instalada, relata a pesquisa da CNI. Para chegar a esse resultado, houve queda de 1 ponto percentual no UCI (Utilização da Capacidade Instalada) de agosto para setembro.
Já é sabido pelo IBGE, que divulga mensalmente os resultados da produção industrial do país, que as indústrias estão produzindo a níveis 14,1% mais baixos que o período anterior à eclosão da crise econômica. Ou seja, o setor produtivo permanece no limbo da recessão.
PRISCILA CASALE