
Dados do primeiro trimestre. Como mostra o Ministério da Indústria e Comércio do Brasil, as relações comerciais entre os dois países são, na verdade, favoráveis para os Estados Unidos, e sobretaxas contra o Brasil são criminosas
O comércio entre Brasil e Estados Unidos no primeiro trimestre teve crescimento de 6,6% e a balança foi desfavorável para o Brasil em US$ 650 milhões, enquanto o presidente Donald Trump diz que os EUA são prejudicados, tentando justificar o aumento de tarifas contra os produtos brasileiros.
Trump anunciou que iria sobretaxar em 10% os produtos brasileiros que entrassem nos Estados Unidos. Além disso, criou uma taxação de 25% sobre o aço e alumínio importados pelos EUA.
Segundo ele, os EUA saem prejudicados nas relações comerciais que mantém com o restante dos países do mundo, entre eles o Brasil.
Como mostram os dados do Ministério da Indústria e Comércio do Brasil, as relações comerciais entre os dois países são, na verdade, favoráveis para os Estados Unidos.
Entre janeiro e março de 2025, o Brasil exportou para os Estados Unidos o equivalente a US$ 9,66 bilhões, enquanto importou US$ 10,31 bi.
Em relação ao mesmo período do ano anterior, os valores dos produtos brasileiros exportados para os EUA caíram 0,8%, ao passo que os produtos americanos no Brasil tiveram um crescimento de 14,7%.
“Dessa forma, neste período, a balança comercial para este país apresentou déficit de US$ 650 milhões e a corrente de comércio aumentou 6,6% chegando a US$ 19,97 bilhões”, registrou o Ministério. Esse montante é o maior já registrado para o primeiro trimestre desde 1997.
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), em sua publicação trimestral “Monitor do Comércio Brasil-EUA”, destacou que o comércio entre os dois países foi marcado por “forte desempenho das exportações da indústria brasileira e o crescimento das importações de bens de alto valor agregado, com ênfase em tecnologia e energia”.
O estudo mostra que seis dos dez principais produtos exportados para os EUA tiveram alta, sendo eles: sucos (+74,4%); óleos combustíveis (+42,1%); café não torrado (+34%); aeronaves (+14,9%) e semiacabados de ferro ou aço (+14,5%). Além disso, a exportação de carne bovina cresceu 112%.
Em 2024, os produtos mais exportados para os EUA foram minério de ferro, óleo de petróleo ou minerais betuminosos, soja, carne e celulose.
Já os produtos mais importados pelo Brasil vindos dos EUA foram: válvulas, tubos, transistores e outros; equipamentos de telecomunicações, incluindo peças e acessórios; veículos; compostos organo-inorgânicos, compostos heterocíclicos, ácidos nucléicos e seus sais, e sulfonamidas; e inseticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas, reguladores de crescimento para plantas, desinfetantes e semelhantes.
As compras de petróleo bruto aumentaram 78,3%, revertendo a tendência de queda anterior e impulsionando o setor energético. Já as importações de gás natural recuaram.
Na sexta-feira (11), o presidente Lula sancionou a Lei da Reciprocidade, que permite ao governo federal que crie medidas de resposta às políticas de sobretaxação, como as de Donald Trump.