
Trump recebeu o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, na Casa Branca, nesta segunda-feira (14), afirmando que pretende deportar “quantos imigrantes for possível” para o país centro-americano, e que seu governo poderia ajudá-lo a construir mais megapresídios como esse que já existe lá, o maior das Américas.
Trump recebeu seu capacho Bukele com um aperto de mão, chamando-o de um “baita presidente” e declarando que “eles têm estruturas bem fortes” e que “não brincam no serviço”.
Em sua insanidade de deportar aos borbotões disse que “gostaria de facilitar e de ir um passo além, poderia ajudar a pagar [pelas prisões], se nossas leis permitirem”.
Durante o encontro no Salão Oval, o inquilino da Casa Branca afirmou que Bukele está fazendo um “trabalho fantástico” e se disse “honrado” em recebê-lo.
Em encontro típico de mafiosos, Trump e Bukele se acercam para tornar o país caribenho em uma grande detenção de sul-americanos que erroneamente viram nos EUA uma oportunidade de vida menos castigada pela pobreza.
ABUSOS DE DIREITOS HUMANOS
Mais de 250 imigrantes que, segundo autoridades da administração Trump, mas sem qualquer comprovação, estariam envolvidos com gangues e crimes violentos, foram enviados pelos EUA para El Salvador desde março — e amontoados na notória prisão de segurança máxima para gangues, localizada nos arredores da capital, San Salvador. Procedimento realizado sem se preocupar de fornecer nenhuma informação a respeito da identidade dos detidos nem das ilegalidades por eles cometidas.
Os migrantes que El Salvador recebe de Washington invocando a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, que até agora só era usada em tempos de guerra, estão alojados nessa megaprisão de segurança máxima que, segundo diversos críticos, um antro onde impera a prática de abusos que menosprezam os direitos humanos.
Trump disse a jornalistas a bordo do Força Aérea Um (avião presidencial oficial dos EUA) que Bukele está sendo “incrível” ao se pronunciar positivamente sobre os deportados enviados pelos EUA e questionado se está preocupado com os relatos de violação dos direitos humanos no local, afirmou que não, que não tem nenhuma preocupação sobre essa questão.
ACUSAÇÕES SEM PROVAS
“Ele está cuidando de muitos problemas que temos e que realmente não seríamos capazes de resolver a partir desse momento. E ele está fazendo isso, ele tem sido incrível. Temos pessoas muito más naquela prisão, pessoas que nunca deveriam ter permitido que entrassem em nosso país. Assassinos, traficantes de drogas, algumas das piores pessoas do mundo estão naquela prisão”, assinalou o presidente dos EUA sem fornecer nenhuma prova sobre as acusações, confirmando o caráter servil de Bukele na recepção em massa dos deportados de Trump.
Advogados e familiares dos migrantes detidos afirmam que eles não são membros de gangues e não tiveram oportunidade de contestar a afirmação do governo norte-americano de que seriam criminosos.
No mês passado, depois que um juiz decidiu que voos transportando migrantes processados sob a Lei de Inimigos Estrangeiros sem comprovação de estar fora da lei deveriam retornar aos EUA, Bukele escreveu “Ops… Tarde demais” nas redes sociais, ao lado de imagens mostrando homens sendo retirados de um avião na calada da noite.
Trump recebeu Bukele sob protestos da família de Kilmar Armando Garcia, imigrante salvadorenho que era residente legal nos EUA e foi deportado por engano para a prisão do país. No encontro, o salvadorenho disse que “não tem o poder” para devolver Kilmar aos EUA, e chamou a proposta de “absurda”. Ao que tudo indica também não tem o poder de decidir sobre seus cidadãos.
O secretário de Estado, Marco Rubio, argumentou que o imigrante estava ilegal nos EUA, e que o governo Trump o devolveu para seu país.