
O governo de Kiev, repressor de étnicos de fala russa, invasor da Rússia, na região de Kursk, teve dezenas de baixas das brigadas 21ª, 27ª, 80ª, 95ª e 117ª no ataque a mísseis Iskander-M, informa a editora chefe da agência Russia Today
O ataque russo com mísseis a uma cerimônia militar na cidade de Sumy no domingo, a 25 km da frente em Kursk, vem sendo usado pelo regime de Kiev e por governos europeus como mote para manter a guerra por procuração na Ucrânia e, como advertiu a editora-chefe da RT, Margarita Simonyan, há uma tentativa de reeditar Bucha, provocação – com base em mentiras sobre morte de civis na cidade ucraniana – que em abril de 2022 serviu para rasgar o acordo a que se chegara então em Istambul para deter a guerra.
“Kiev tentará fazer um novo Bucha o tempo todo. Porque é a única maneira que têm agora de prolongar a guerra”, escreveu ela em seu canal no Telegram.
Segundo o ministério da Defesa russo, dois mísseis balísticos de curto alcance Iskander-M foram disparados contra uma concentração de militares ucranianos, entre eles oficiais das 95ª e 80ª brigadas de assalto aerotransportadas separadas, da 21ª brigada mecanizada separada e da 117ª brigada de defesa territorial da Ucrânia, e 60 deles teriam sido eliminados.
De acordo com o portal ucraniano strana.news, com base em fotos, o ataque foi contra o centro de convenções da Universidade Estadual de Sumy.
Conforme o regime de Kiev, foram 34 mortos e 110 feridos em um ataque “sanguinário e deliberado” contra civis, tese prontamente repercutida pelos porta-vozes imperiais, como The New York Times e The Telegraph e endossada por líderes europeus.
Segundo admitiu depois o jornal ucraniano Ukrainska Pravda, o comandante da 27ª Brigada de Artilharia de Mísseis, coronel Yurii Yula foi morto no ataque russo. Registre-se que essa 27ª Brigada de Artilharia de Mísseis é a única unidade ucraniana oficialmente equipada com HIMARS, o sistema de mísseis dos EUA usado para disparar mísseis de longo alcance contra a Rússia e é sediada em Sumy. No linguajar típico do Pentágono, “um alvo de alto valor”.
Um ataque “a um movimentado centro da cidade […] na manhã de domingo, […] matando pelo menos 34 pessoas no que parecia ser o ataque mais mortal contra civis este ano”, descreveu o NYT. “”Ato pérfido” e “grave crime de guerra”, condenou o quase primeiro-ministro alemão Friedrich Merz, que recentemente antecipou que irá convidar para visitar Berlim a Benjamin Netanyahu, o chefe do genocídio em Gaza e com mandado de prisão do TPI contra ele.
No entanto, a versão preferencial para Zelensky, Macron e Starmer esbarra em um pequeno inconveniente. O surgimento, dentro da Ucrânia, de depoimentos de personagens – ligados ao regime e notoriamente de extrema-direita – em que responsabilizam certos comandantes e políticos locais por insistirem em realizar cerimônias de condecoração de militares, inclusive com a presença de civis.
CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO DA 117ª BRIGADA
A parlamentar ucraniana Maryana Bezuglaya ex-integrante do partido de Zelensky, o ex-parlamentar Igor Mosiychuk, vinculado ao Batalhão Azov, e um prefeito local de extrema-direita afirmaram que os mísseis russos atingiram uma cerimônia de premiação da 117ª Brigada de Defesa Territorial, uma unidade ucraniana que luta na região e que completava o sétimo aniversário de formação nesse dia.
O principal site de notícias ucraniano Strana.ua relatou que “mais e mais informações estão surgindo de várias fontes de que os militares ucranianos foram o alvo do ataque” e admitiu que as autoridades ucranianas estavam tentando ser “cautelosas” sobre o local exato do ataque russo.
Após o ataque, Artyom Semenikhin, prefeito da cidade ucraniana de Konotop e membro do partido de extrema-direita Svoboda, culpou o chefe da administração militar de Sumy, Vladimir Artyukh, pela perda de vidas, acusando-o de ter sido quem organizou a cerimônia de premiação para tropas tão próximas da linha de frente. “Ele foi avisado de que isso não deveria ser feito”, afirmou o prefeito, insistindo em que Artyukh fosse punido.
Semenikhin, que cobrou de Artyukh que “se ajoelhe e peça desculpas ao povo”, relatou ainda que o administrador militar fugiu do local “derrubando crianças”.
Também o jornalista e ex-deputado Igor Mosiychuk, de notórios vínculos com o Batalhão Azov, e que não pode ser acusado de simpatias por Moscou, pediu a prisão de Artyukh e do legislador do partido de Zelensky, Mikhail Ananachenko, que, segundo ele, “ao lado dos soldados, reuniu civis, incluindo crianças” para a cerimônia, usando-a para fins de “relações públicas”.
“Espero que em Sumy já estejam detendo o chefe da OVA, Artyukh, e o deputado Ananchenko que tanto queriam fazer propaganda na cerimônia festiva de premiação dos soldados da 117ª Brigada de Tropas, por ocasião do sétimo aniversário. Artyukh e Ananchenko estavam promovendo a cerimônia em Sumy e reuniram não apenas militares, mas também civis, em particular crianças! Lixo e escória!” – postou Mosiychuk.
A deputada Bezuglaya afirmou em um post no Telegram no final do dia que os mortos eram militares ucranianos e lançou um apelo ao comandante-chefe ucraniano, Aleksandr Syrsky e ao comandante das Forças de Defesa Territorial: “não reúnam as tropas para cerimônias de premiação, especialmente em cidades civis”, escreveu ela. Para ela, “os russos tinham informações sobre a reunião”. “Não faça chamadas. Não encene cerimônias de premiação”, ela reiterou.
Portanto, versões à parte, os fatos convergem para que houve uma cerimônia planejada para o sétimo aniversário da fundação da 117ª Brigada Territorial, marcada para o centro de congressos da Universidade Estadual de Sumy. Medalhas deveriam ser apresentadas pela recente participação da brigada no ataque ao oblast russo de Kursk. Convites para os comandantes das unidades vizinhas foram enviados.
A coisa vazou e os russos dipararam contra um alvo militar legítimo, de acordo com as regras de guerra, e a responsabilidade pelo sangue dos civis é daqueles que os levaram até lá.
OFICIAIS ‘OCIDENTAIS’ ESTAVAM LÁ TAMBÉM, DIZ LAVROV
Em entrevista ao jornal russo Kommersant, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, deu a entender que oficiais militares “ocidentais” também estavam lá: “Houve outra ‘reunião’ de líderes militares ucranianos com seus colegas ocidentais, que estavam sob o disfarce de mercenários, ou não sei sob o disfarce de quem”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reafirmou que a Rússia só atinge “alvos militares e paramilitares”.
Em seu comunicado, o ministério da Defesa russo declarou que o ataque ocorreu sob “condições de contra-ataque ativo das tropas ucranianas por guerra eletrônica de fabricação estrangeira e meios de defesa aérea”. Também denunciou que o regime de Kiev continua a usar civis como um “escudo vivo”, colocando instalações militares em cidades densamente povoadas.
Coincidentemente, no domingo à noite nos EUA foi ao ar o “60 Minutes” em que Zelensky foi entrevistado, fazendo propaganda de manter a guerra e acusando a atual administração norte-americana de estar afinada com a Rússia.
No domingo à noite, o presidente Trump, a bordo do Air Force One, de volta de Mar-A-Lago para Washington, comentou o ataque russo como “um erro”, mas fez questão de dizer que “esta é a guerra de Biden. Ele deu à Ucrânia bilhões e bilhões em armas. Ele começou. Eu quero acabar com isso”. Ele disse ainda que o fato de essa guerra ter começado “foi um abuso de poder”.
Enquanto isso, Macron, von Der Leyen e Starmer deliram sobre ‘botas no terreno’ e rearmamento europeu – além de um subalterno de Trump, o general Kellog, andar com uma ideia de jerico: mudar o muro de Berlim para o rio Dnieper.