
O 9° Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), de São José do Rio Preto e região, no interior de São Paulo, postou um vídeo, em seu perfil oficial no Instagram, com policiais militares queimando cruzes e fazendo a saudação nazista, em alusão a Ku Klux Klan, grupo supremacista branco estadunidense.
Conhecida especialmente por ter sido usada pelos nazistas durante a segunda guerra e repetida hoje por neonazistas como Elon Musk, o gesto foi também usado em “rituais” de grupos supremacistas, como a Ku Klux Klan, nos Estados Unidos.
De acordo com informações do portal Metrópoles, a publicação foi retirada do perfil oficial do batalhão poucos minutos depois. A gravação, contudo, contou com grande preparo e produção, envolvendo imagens aéreas e trilha sonora, foi feita em um ambiente noturno, com uso de fumaça vermelha. O vídeo tem ao menos 14 PMs diante de uma cruz pegando fogo e uma trilha com o caminho marcado por fogo.
No fundo, aparece a palavra Baep também pegando fogo, além de bandeiras da corporação ao lado e viaturas da PM ligadas, enquanto policiais fazem a saudação romana e marcham em direção a trilha de fogo. A baixa luminosidade não permite identificar quem são as pessoas presentes.

Um perfil do Comando de Policiamento do Interior 5 (CPI-5) republicou a postagem e o perfil do tenente-coronel José Thomaz Costa Junior, comandante do 9º Baep, estava marcado na publicação.
Não houve, até o momento, qualquer posicionamento oficial do 9° Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep).
A Secretaria da Segurança Pública (SSP), por sua vez, disse em nota que a pasta investigará a produção do vídeo através da própria Polícia Militar.
“A Polícia Militar é uma instituição legalista e repudia toda e qualquer manifestação de intolerância. Assim que tomou conhecimento das imagens, a Corporação instaurou um procedimento para investigar as circunstâncias relativas ao caso. A Corporação não compactua com desvios de conduta e reforça que qualquer manifestação que contrarie seus valores e princípios será rigorosamente apurada e os envolvidos responsabilizados”, diz trecho da nota divulgada.
A Ku Klux Klan (KKK) surgiu no sul dos Estados Unidos, entre os anos de 1865 e 1866, na cidade de Tennessee. O grupo terrorista atacava pessoas negras, inicialmente, posteriormente também os judeus e pessoas brancas que defendessem os diretos dessas populações.
Em seu auge, o grupo terrorista contou com quatro milhões de membros na chamada segunda fase. Época em que a cruz em chamas se tornou um símbolo da KKK.
O caso surge em um momento em que a Polícia Militar sofre com o sucateamento provocado pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do caso do assassinato do camelô senegalês, Ngange Mbaye, de 34 anos, enquanto este trabalhava na região do Brás, importante polo de comércio da cidade de São Paulo.
Durante a manhã do sábado (12), manifestantes protestaram contra o assassinato com faixas com dizeres como: “a polícia brasileira é racista”, “socorro, polícia assassina mata trabalhador” e “a farda não da licença para matar, justiça já”. O protesto foi reprimido com bombas de gás lacrimogêneo.