
Universitários norte-americanos realizaram ocupações em 150 instituições de ensino superior contra os ataques de Trump a estudantes e faculdades – em chantagem escancarada para intimidar e restringir protestos contra o genocídio perpetrado por Israel em Gaza e Cisjordânia
Os manifestantes denunciaram na quinta-feira (17) que, desde sua posse, Trump elevou a pressão contra as universidades norte-americanas, bloqueando bilhões de dólares para pesquisas científicas, reprimindo políticas de inclusão e perseguindo estudantes e professores críticos do genocídio.
Um professor descreveu o governo de Trump como “o pior desde o macartismo”, comparando com o período nos EUA em que se instalou uma caça às bruxas governamental e judicial para perseguir e reprimiu milhares de americanos sob o pretexto de “associação ao comunismo”. Qualquer pessoa poderia ser acusada de ser “subversiva”, agressivamente investigada e condenada, mesmo sem provas, perseguição que recaiu em especial contra artistas e intelectuais.
O ‘Dia Nacional de Ação pelo Ensino Superior’ foi organizado por grupos pró Palestina e sindicatos de professores. Movimentos como ‘Faculty for Justice in Palestine’, ‘Jewish Voice for Peace’ e ‘Palestine Legal’, além de uniões de professores, a exemplo da ‘American Association of University Professors’ e da ‘Higher Ed Labor United’.
As manifestações aconteceram em mais de 150 instituições de ensino, incluindo universidades de elite como Harvard e Cambridge. Em Harvard, recentemente, Trump ameaçou o bloqueio de $2.2 bilhões em investimentos e contratos, pela recusa de Harvard a se submeter ao fascismo persecutório de Trump.
Trump usou da mesma tática – cortes de verbas e ameaças de repressão – em outras universidades para tentar submetê-las.
“Estamos fazendo nosso trabalho para criar um mundo melhor no qual todos os que vivem neste planeta possam prosperar de forma equitativa,” disse Nancy Krieger, professora de epidemiologia social em Harvard. Ela disse que o financiamento para sua pesquisa foi cancelado em fevereiro por ter como tema a discriminação na área da Saúde.
“Precisamos ter esse dinheiro indo para pesquisa e trabalho acadêmico e o treinamento e ensino da próxima geração que pode proteger a Saúde Pública,” conclamou a professora.
Os protestos de estudantes pró Palestina são o principal foco da repressão de Trump contra as universidades. Membros de seu governo constantemente criticam as universidades em que aconteceram esses protestos alegando que seria “antissemitismo” qualquer denúncia sobre Israel e o genocídio que faz em Gaza, aliás, sob investigação da Corte Internacional de Justiça de Haia.
Estudantes estrangeiros que demonstrem apoio à causa palestina, que participem de protestos contra o genocídio, são perseguidos e têm seus vistos de estadia no país revogados. Vários deles chegaram a ser presos e deportados.
Dois casos se tornaram símbolos do macartismo de Trump: Mahmoud Khalil e Rumeysa Ozturk, presos por exercerem sua liberdade de expressão sobre os crimes de guerra que acontecem em Gaza.
“Não houve o devido processo. É uma espécie de temporada de caça aos alunos mais vulneráveis,” disse Ronald Cox, professor de ciências políticas e relações internacionais da Universidade Internacional da Flórida. “Eles não sabem se podem ser deportados, não sabem se podem ser direcionados para a prisão de El Salvador”,
“A Universidade de Columbia tentou apaziguar um tirano. Não funcionou”, disse Robert Reich, professor emérito da Universidade da Califórnia. “Você não pode apaziguar um tirano”, acrescentou.
A Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, recentemente cedeu às exigências de Trump e até instalou policiais com mandado para prender estudantes no campus, em violação da autonomia universitária.