
Na esteira de Fraga – o serviçal do Soros -, outros porta-vozes da banqueirada também engrossam cruzada dos que querem congelar o mínimo para engordar os lucros de seus patrões
Os vampiros estão intensificando seus ataques ao salário mínimo e à Previdência. Querem congelar o salário que é simplesmente o segundo pior salário mínimo da América Latina, pior até mesmo que o salário mínimo do pequenino Paraguai.
A orquestração começou com o ex-funcionário do megaespeculador George Soros, que depois ocupou a presidência do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga. Ele diz que os que ganham esse salário de fome são responsáveis pela crise na Previdência.
Fraga defendeu que o salário mínimo brasileiro deveria ficar congelado por pelo menos seis anos, ou seja, ele achou que era noite e, como um vampiro, saiu do sarcófago para defender um brutal arrocho salarial. Diante desse absurdo, alguém desafiou o serviçal do George Soros a viver, não seis anos, mas pelo menos seis meses, com esse salário mínimo congelado.
Ouros serviçais de bancos estão fazendo coro na cruzada em defesa da ciranda financeira e do arrocho do salário mínimo. Maílson da Nóbrega, que traz em seu currículo grandes desastres econômicos impostos ao país, fez um alerta na semana passada de que, se o governo não arrochar salários e promover sortes sociais, haverá crise em dois anos.
Outro a se juntar a Fraga foi Samuel Pessoa, que elogiou, na Folha de S. Paulo deste domingo (20), o ex-presidente do BC por ele ter ficado rico. Pessoa também advoga pelo arrocho do mínimo. “São inadiáveis as reformas estruturas”, defende. Reforma estrutural é sinônimo de esfolar o povo e o país.
Agora foi a vez da Globo, em reportagem neste fim de semana. “Especialistas” insistem que deve haver cortes na Saúde, na Educação e na Previdência Social para equilibrar as contas públicas, dizem eles.
Não falam da principal despesa pública que são os juros e também advogam “ajustes estruturais”, leia-se arrocho sobre a população. “Já está contratada a necessidade de um ajuste estrutural, pois medidas pontuais não serão suficientes no médio prazo”, diz um desses “especialistas” da Globo. Eles estão mesmo é de olho nos recursos da Previdência. Querem desmontá-la para embolsar seu dinheiro.
Esta medida (congelar o mínimo), segundo o batalhão de especuladores de plantão, equilibraria as contas da Previdência e daria segurança aos investidores. Tudo seria feito para “salvar” a Previdência e “acalmar” o mercado – leia-se acalmar meia dúzia de monopólios bancários ávidos por mais e mais recursos da União.
A senha da cruzada contra o salário mínimo é fome para os trabalhadores e segurança para os especuladores e agiotas. É isso o que quer Fraga e demais trapaceiros com a nova cantilena. Como se a responsabilidade pela crise da Previdência não fosse do desastre neoliberal, defendido por eles. Sem falar da defesa que fazem do calote dos bilionários que devem mais de meio trilhão aos cofres da Previdência.
É essa política neoliberal que provoca a precarização das relações de trabalho e a redução das contribuições previdenciárias. É ela que fecha indústrias e reduz a arrecadação.
Eles sempre buscam culpar o povo pelas crises que eles mesmos provocam. Os porta-vozes dos banqueiros tecem loas à criminosa desregulamentação da economia. Essa mesma desregulamentação que é a responsável pelo enfraquecimento e a evasão de recursos da Previdência Social. Mas a culpa é do povo, que, segundo eles, estaria “ganhando muito”. É muito cinismo. Milhões de trabalhadores são os escravos da era moderna que estão se matando de trabalhar para patrões invisíveis.
A política neoliberal transformou o Brasil no paraíso da exploração sem direitos trabalhistas e sem previdência social. Espertamente, eles chamam essa desgraça toda de “empreendedorismo”, para criar a ilusão de que os novos escravos são patrões de si mesmos.
Sem carteira e sem direitos, os trabalhadores deixam de contribuir para a Previdência Social. Ao invés de reduzir a informalidade e, com isso, aumentar a arrecadação para fortalecer a Previdência, a “solução” que Fraga, Maílson, Samuel Pessoa e todos os demais cúmplices dos bancos apresentam para o problema é mais arrocho sobre os trabalhadores e mais assalto aos cofres públicos.
E não é congelar salário mínimo porque eles estariam minimamente preocupados com a defesa dos recursos dos aposentados. Não é isso que está na cabeça deles. O que eles querem é desviar mais recursos do orçamento da União, inclusive da Previdência Social, para os bancos. Pretendem tirar da Previdência para aumentar os pagamentos dos juros da dívida, uma alíquota que já consome R$ 1 trilhão por ano.
Os tais “especialistas” não são especialistas coisa nenhuma. Eles são experts é na defesa do “bolsa banqueiro”, ou seja, dos bilhões – ou quase trilhão – dos juros que saem dos cofres públicos para a agiotagem. Querem cortes sociais para que se aumente o ganho com juros que já estão entre os maiores do mundo.
Agora eles estão partindo de uma análise que é correta, a de que o arcabouço fiscal de Fernando Haddad é insustentável. Segundo eles, o arcabouço vai estrangular investimentos. E a solução deles para “salvar” o arcabouço é cortar esses investimentos.
É verdade, o arcabouço é insustentável. Mas ele é insustentável porque o país precisa crescer e aumentar a arrecadação e ele não deixa. A solução é reformular, ou mesmo acabar, com o arcabouço para permitir que o país cresça. Com isso aumenta-se a arrecadação e tudo se resolve. Mas a solução do rentismo é outra: estrangule-se o país e garanta-se o pagamento dos juros. Se o país e seu povo vão sofrer, que se dane. O que interessa é embolsar o máximo possível no menor tempo possível.
A lógica rentista é cínica. Eles inventam crises fiscais inexistentes e propõem como “solução” cortar salário, cortar investimentos e direitos e desmontar a Previdência Social. Com isso, o que eles provocam mesmo é uma recessão e, em consequência, uma crise fiscal real.
Fazem isso sem admitir qualquer redução, nem um tostão, no pagamento bilionário de juros da dívida. Em suma, seu plano é destruir o país, jogar seu povo na miséria e na indigência para garantir a continuidade da ciranda financeira. Esta é a motivação da cruzada dos últimos dias contra o salário mínimo e a Previdência.
SÉRGIO CRUZ